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Por que o voto popular não decide as eleições nos EUA?

As votações nos Estados Unidos estão marcadas para o dia 5 de novembro, terça-feira

Eleições EUA 2024: Kamala Harris disputa com Donald Trump a liderança da Casa Branca para os próximos quatro anos ( Drew ANGERER/AFP)

Eleições EUA 2024: Kamala Harris disputa com Donald Trump a liderança da Casa Branca para os próximos quatro anos ( Drew ANGERER/AFP)

Publicado em 4 de novembro de 2024 às 13h58.

Última atualização em 4 de novembro de 2024 às 19h26.

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Em 2024, os Estados Unidos realizarão sua 60ª eleição presidencial. Desde que adotaram sua Constituição em 1788, o país realiza eleições a cada quatro anos, atraindo a atenção global não apenas pela força de sua economia, mas também pela complexidade do processo eleitoral.

Diferentemente do Brasil, onde o voto é obrigatório, nos EUA os eleitores não são obrigados a votar. Isso exige um esforço maior dos partidos para mobilizar eleitores a comparecerem às urnas. Além disso, o processo é indireto, um aspecto que deixa muitos brasileiros confusos com esse sistema. Em suma, quem decide a eleição são os votos do Colégio Eleitoral, cujos delegados são indicados pelos estados com base em sua população em relação ao total do país. Entenda o processo desde o início nesse guia da EXAME.

Como funcionam as eleições nos EUA?

As primárias e caucus

A eleição presidencial nos EUA é um processo extenso e complexo, que começa quase dois anos antes do dia da votação. Durante esse período, os comitês de campanha percorrem o país em busca de eleitores e possíveis financiadores, avaliando quais candidatos têm maiores chances de sucesso.

Diferentemente do Brasil, onde os partidos escolhem seus candidatos internamente, nos EUA são os eleitores que decidem quem representará cada partido. Isso ocorre nas primárias (ou prévias) e nos caucus, momentos em que os candidatos fazem campanha e debatem suas propostas para conquistar o apoio dos eleitores.

Nas primárias, o processo de escolha é secreto: os eleitores vão até os locais de votação e depositam seu voto em uma urna. No caucus, o voto costuma ser público e funciona como uma assembleia, onde os eleitores se agrupam de acordo com o candidato que apoiam, ou até levantam a mão para indicar sua preferência.

Tanto nas primárias quanto nos caucus, candidatos do mesmo partido competem entre si. O vencedor dessa fase é quem representará o partido na eleição presidencial de novembro.

Cada estado dos EUA adota um método próprio para conduzir suas prévias. Nas primárias abertas, qualquer eleitor pode participar da votação, enquanto nas primárias fechadas, apenas os registrados em um partido têm direito a votar em um candidato.

Alguns estados também permitem o registro no próprio dia da votação, facilitando a participação de um número maior de eleitores.

Os partidos

O sistema político dos EUA é dominado pelos partidos Democrata e Republicano, o que torna difícil para candidatos independentes ou de outros partidos ganharem visibilidade e constarem nas cédulas de votação.

Essas prévias e caucus acontecem de janeiro a junho, tradicionalmente começando no estado de Iowa. Normalmente, após os primeiros meses, já se destacam os principais nomes de cada partido, pois aqueles que saem na frente conquistam mais apoio de eleitores e doadores, ganhando impulso na corrida presidencial.

Por que o voto é indireto nas eleições dos EUA?

A importância do Colégio Eleitoral

A eleição presidencial americana é organizada pelos 50 estados. Cada governo local tem liberdade para organizar a votação como preferir e, ao final, apontar os delegados que votarão no Colégio Eleitoral. O Colégio Eleitoral é formado por 538 delegados. Para ser eleito presidente, é preciso obter ao menos 270 votos deles.

Cada estado tem direito a um número diferente de delegados, com base em sua população em relação ao total do país. Assim, a Califórnia, estado mais populoso, tem 54 representantes. Nenhum estado tem menos de três delegados.

Segundo o Arquivo Nacional dos EUA, cada estado recebe um número de votos igual ao número de Senadores e representantes em sua delegação no Congresso dos EUA — dois votos para seus Senadores no Senado dos EUA, além de um número de votos igual ao número de seus distritos congressionais. O Distrito de Columbia (onde fica a capital norte-americana) recebe três eleitores e é tratado como um estado para fins do Colégio Eleitoral.

Em 48 estados, o vencedor leva tudo (um sistema conhecido como Winner-take-all, em inglês): o candidato presidencial mais votado conquista o direito a indicar todos os delegados daquele estado. A regra não vale apenas no Maine e em Nebraska, onde os delegados são divididos de outras formas. O Maine se divide em quatro distritos eleitorais, e a vitória em cada um deles dá direito a um delegado.

Esse modelo, porém, gera uma distorção: um candidato pode vencer na votação popular, mas não se eleger. Foi o caso de Donald Trump em 2016: ele obteve 62,9 milhões de votos, menos do que os 65,8 milhões da rival Hillary Clinton, mas levou 306 delegados, ante 232 dela.

O modelo de Colégio Eleitoral dá mais peso aos estados menores na disputa nacional. Com isso, a atenção dos candidatos durante a campanha é maior sobre os locais onde há maior indecisão do que em áreas mais populosas que tendem a eleger sempre o mesmo partido.

Após a votação popular, cada estado soma os votos e aponta um vencedor. O partido do vencedor ganha o direito a nomear quem serão os delegados daquele estado. Até 11 de dezembro, as autoridades dos estados precisam emitir os certificados de verificação, que confirmam quem serão os delegados a votar naquela eleição.

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No dia 17 de dezembro, os delegados darão seus votos em seus respectivos estados, que são registrados em seis cópias em papel. Esses votos precisam ser enviados ao presidente do Senado e ao Arquivo Nacional até o dia 25 de dezembro.

No dia 6 de janeiro, os votos dos delegados serão contados em uma sessão conjunta do Congresso, que declara oficialmente quem serão os novos presidente e vice-presidente do país.

A posse do novo mandatário está marcada para 20 de janeiro de 2025, ao meio-dia.

Como está a projeção do Colégio Eleitoral?

Na véspera da eleição, sete estados-chave (os swing states, em inglês) serão os definidores do resultado para o próximo presidente. São eles: Arizona, Carolina do Norte, Georgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin.

Segundo projeção do site 270towin, os democratas já teriam 226 dos votos no Colégio Eleitoral e os republicanos, 219 votos. (Na legenda, o azul e vermelho escuros são votos considerados "seguros", os azul claro e vermelho claros são considerados prováveis e os dourados são indefinidos — ou toss up, em inglês)

Ou seja, estão em disputa 93 votos do Colégio Eleitoral, que se dividem assim:

  • Arizona: 11 votos
  • Carolina do Norte: 16 votos
  • Geórgia: 16 votos
  • Michigan: 15 votos
  • Nevada: 6 votos
  • Pensilvânia: 19 votos
  • Wisconsin: 10 votos

Quando serão as eleições presidenciais dos Estados Unidos?

As eleições presidenciais nos Estados Unidos estão marcadas para os dia 5 de novembro, terça-feira. A data faz parte de uma tradição de mais de 180 anos, na qual as votações sempre ocorrem no mês de novembro, em uma terça-feira.

Como funciona a eleição nos EUA?

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