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Por que Milei optou por intervir no câmbio da Argentina?

Intervenção cambial do governo argentino marca um ponto de inflexão na política econômica de Milei, que enfrenta desafios de inflação, desconfiança do mercado e pressão eleitoral

Agência o Globo
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Publicado em 3 de setembro de 2025 às 11h50.

Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 11h54.

O governo da Argentina anunciou, nesta terça-feira, uma intervenção no mercado de câmbio, uma medida que representa uma mudança significativa na política econômica do país e vai contra a linha ultraliberal adotada pelo presidente Javier Milei.

A decisão foi tomada após a cotação do dólar se aproximar do teto da banda de flutuação cambial estabelecida pelo governo.

Nos últimos dias, a demanda por dólares aumentou, levando a cotação da moeda a se aproximar de 1.467 pesos por dólar, limite a partir do qual o Banco Central pode intervir no mercado.

Apesar dos esforços do governo para conter a alta do dólar por meio da elevação da taxa de juros de referência, a estratégia não foi suficiente. Na terça-feira, após o anúncio da intervenção, o peso argentino caiu cerca de 1%, com a cotação situando-se em 1.375 pesos por dólar.

Medidas para aumentar a liquidez no mercado

O Secretário de Finanças, Pablo Quirno, informou por meio de sua conta no X que o Tesouro argentino participará ativamente do mercado de câmbio para garantir a "liquidez e o funcionamento normal" do mercado. Essa medida visa conter a pressão sobre a moeda e estabilizar o câmbio no curto prazo.

A escalada do dólar também ocorre em um momento de preocupação com a inflação, que, embora tenha caído para 17,3% acumulado no ano, ainda é um desafio para o governo de Milei.

A alta do dólar afeta diretamente as expectativas inflacionárias e a confiança dos investidores no país. Recentemente, as mudanças econômicas implementadas por Milei, como o aumento das taxas de juros e mudanças nas regras de reservas bancárias, não foram bem recebidas pelo setor financeiro, aumentando a desconfiança.

Impacto Eleitoral e Econômico das Decisões de Milei

Além das questões econômicas, a situação política da Argentina também influencia o cenário. O desempenho ruim do governo nas eleições locais de Corrientes e a pressão crescente nas eleições de Buenos Aires indicam que a estratégia de Milei de não formar alianças políticas pode ter efeitos adversos.

As eleições de domingo na província de Buenos Aires serão um indicador chave para o futuro político e econômico da Argentina, com os investidores atentos ao impacto que elas terão nas reformas econômicas e no mercado de ativos.

Apesar das dificuldades enfrentadas por Milei, estrategistas do Morgan Stanley acreditam que o país ainda tem potencial para atrair investimentos devido às reformas econômicas implementadas pelo governo.

No entanto, a intervenção no câmbio e os desafios políticos internos indicam que o cenário permanece instável, com muitos investidores aguardando os resultados das próximas eleições para definir suas expectativas para a economia argentina.

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