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Por que o furacão Beryl é diferente de outros fenômenos climáticos?

Furacão formou-se nesta sexta-feira, no sudeste das Antilhas e no sábado, já se tornou um furacão de categoria 1

Washington, Estados Unidos | AFP | quarta-feira 03/07/2024 - 13:14 UTC-3 | 600 palavras  Por Lucie AUBOURG   AFP  Homem observa as ondas no calçadão após o furacão Beryl em Santo Domingo, em 2 de julho de 2024. (Lucie AUBOURG/AFP)

Washington, Estados Unidos | AFP | quarta-feira 03/07/2024 - 13:14 UTC-3 | 600 palavras Por Lucie AUBOURG AFP Homem observa as ondas no calçadão após o furacão Beryl em Santo Domingo, em 2 de julho de 2024. (Lucie AUBOURG/AFP)

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Publicado em 3 de julho de 2024 às 14h26.

Última atualização em 3 de julho de 2024 às 14h30.

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O furacão Beryl, o primeiro do que promete ser uma temporada extraordinária no Atlântico Norte, já surpreendeu os cientistas ao aumentar de intensidade tão rapidamente e tornar-se muito poderoso tão cedo este ano.

Apesar de ter quebrado vários recordes, também se revela como o exemplo perfeito do que os especialistas preveem que será mais provável como resultado da mudança climática. Aqui estão as principais características deste furacão e a principal causa deles: um oceano muito mais quente que o normal.

Formado longe das costas

Beryl formou-se na sexta-feira, 28, no sudeste das Antilhas e no sábado, 29, já se tornou um furacão de categoria 1.

A sua formação ocorreu “muito mais a leste do Atlântico do que é habitual nesta época do ano”, disse à AFP Andra Garner, climatologista da Universidade Rowan.

Este fenômeno está ligado, segundo ela, à atual temperatura do oceano Atlântico, que não costuma ser suficientemente quente nestas zonas nesta altura do ano para permitir a formação de uma tempestade deste tipo.

“Nunca se formou um furacão tão a leste, tão cedo no ano”, acrescenta Brian McNoldy, pesquisador de furacões da Universidade de Miami, em seu blog.

Rápida intensificação

O furacão Beryl intensificou-se muito rapidamente, em menos de um dia, para se tornar um grande furacão de categoria 4.

“É difícil expressar em palavras o quão impressionante isso é”, diz Brian McNoldy.

Mas embora seja “surpreendente ver este fenômeno diante dos nossos olhos”, também está “alinhado com o que a ciência nos diz que podemos esperar de um mundo mais quente”, diz Andra Garner, que publicou um estudo sobre este fenômeno de intensificação.

“Nos últimos 50 anos, descobrimos que os furacões têm agora duas vezes mais probabilidade de passar de uma tempestade relativamente fraca – categoria 1 ou inferior – para um grande furacão, categoria 3 ou superior, no espaço de 24 horas”, explica. "Foi isso que Beryl fez."

De repente, mais potente

Beryl foi para a categoria 4 no domingo, 30, último dia de junho. Nunca antes um furacão desta categoria havia sido registrado nesse mês.

Na segunda-feira, 1º, atingiu a categoria 5, a mais elevada, quebrando em duas semanas o recorde do furacão desta categoria mais cedo na temporada, segundo especialistas.

A temporada de furacões vai do início de junho ao final de novembro no Atlântico Norte. Mas de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), os primeiros grandes furacões (categoria 3 ou superior) geralmente começam a se formar no final de agosto ou início de setembro.

O culpado: um Atlântico superaquecido

A maior razão para o que vemos com Beryl é a temperatura das águas do oceano Atlântico, que está em níveis recordes há mais de um ano.

“Quando acordamos de manhã, tomamos uma xícara de café com cafeína para nos animar”, compara Andra Garner. “As águas quentes de um furacão são um pouco como a cafeína do nosso café, permitem que a tempestade continue e ganhe força.”

As águas do Atlântico Norte, bem como as do Caribe e do Golfo do México, estão atualmente entre 1°C e 3°C acima do normal, segundo a NOAA. As temperaturas de maio já se aproximavam das esperadas para agosto.

Sendo assim, embora Beryl “não tenha precedentes”, “não posso dizer que seja inesperado do ponto de vista científico”, sublinha a especialista.

“Sabemos que quando aquecemos o planeta e os oceanos, tornamos mais provável este tipo de eventos”, acrescenta, apontando para as emissões humanas de gases de efeito estufa. "Beryl é quase exatamente o que esperamos do ponto de vista climatológico."

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