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Por que o cessar-fogo na Faixa de Gaza entrou em impasse? Entenda

CS da ONU endossou pela primeira vez um plano abrangente de paz para a região

Homem carrega botijão de gás após ataque de Israel no sudoeste de Gaza nesta terça (Eyad BABA/AFP)

Homem carrega botijão de gás após ataque de Israel no sudoeste de Gaza nesta terça (Eyad BABA/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 12 de junho de 2024 às 06h30.

Os EUA disseram nesta terça-feira, 11, que estão “avaliando” a resposta formal do Hamas à sua proposta de cessar-fogo em Gaza, numa resolução que tenta encerrar o conflito na região que começou em outubro do ano passado.

Na noite de terça-feira, um responsável do Hamas disse que tinha apresentado uma resposta aos mediadores egípcios e do catar, solicitando algumas “emendas”, e que a sua prioridade era pôr fim à guerra. Um outro porta-voz do Hamas, Jihad Taha, disse que a resposta incluía “alterações que confirmam o cessar-fogo, a retirada de tropas israelenses, a reconstrução de Gaza e a troca [de prisioneiros]”.

Em seu giro diplomático pelo Oriente Médio para tentar costurar o acordo, o secretário de Estado, Anthony Blinken, segue nesta quarta para o Catar, que junto do Egito é um importante mediador com o grupo islâmico.

Os ministérios dos Negócios Estrangeiros do Catar e do Egito afirmaram num comunicado conjunto que iriam analisar a resposta e que continuariam os seus esforços de mediação juntamente com os Estados Unidos “até que seja alcançado um acordo”.

Em Israel, Blinken falou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “reafirmou o seu compromisso” com a proposta de cessar-fogo, embora o governo israelita, que tem membros de extrema-direita, não a tenha aprovado formalmente.

Pressão diplomática

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que a comunidade internacional tem a responsabilidade de pressionar Israel a abrir passagens terrestres para Gaza. Já o ditador egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, disse que era necessária pressão internacional para impedir que Israel usasse a fome dos refugiados palestinos como arma. Acredita-se que mais de um milhão de pessoas tenham se deslocado de maneira forçada desde o início dos confrontos.

Ainda segundo o Guardian, a posição do Hamas de fazer "emendas" ao cessar-fogo também poderá complicar o progresso das negociações. O grupo disse que só aceitaria um acordo de cessar-fogo permanente - isso após uma pausa temporária nos combates ter fracassado no recentemente.

A votação da ONU na segunda-feira mostrou a primeira vez que o Conselho de Segurança, sempre dividido sobre a questão, endossou um plano abrangente para Gaza. O apoio palestino à resolução dos EUA tornou mais difícil, diplomaticamente, para a Rússia ou a China vetá-lo.

Acusações

Também nesta terça-feira, o escritório de Direitos Humanos da ONU disse que tanto as forças israelenses quanto os grupos armados palestinos podem ter cometido crimes de guerra em conexão com um ataque das tropas de Israel que libertaram quatro reféns e mataram pelo menos 274 palestinos no fim de semana no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza.

Enquanto isso, os palestinos disseram que as forças israelenses que operam na cidade de Rafah explodiram um conjunto de casas na terça-feira. Um ataque aéreo israelense em uma rua principal da cidade de Gaza também matou pelo menos quatro pessoas, disseram médicos locais.

A ação militar de Israel em Gaza já matou mais de 37.100 pessoas, segundo o Ministério da Saúde. Os palestinos enfrentam uma fome generalizada já que as forças israelitas cortaram em grande parte o fluxo de alimentos, medicamentos e outros itens básicos, fechando as fronteiras.

As agências da ONU afirmam que mais de um milhão de pessoas em Gaza poderão sofrer com "um nível crítico de fome" até meados de julho.

Em 7 de Outubro, homens do Hamas invadiram o sul de Israel, matando 1.139 pessoas e raptando cerca de 250, de acordo com uma contagem da Al Jazeera baseada em estatísticas oficiais israelitas.

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