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Por que o Brasil abre os discursos da Assembleia Geral da ONU há 70 anos

Tradição começou em 1955 e está ligada ao protagonismo de Oswaldo Aranha na criação da entidade

Agência o Globo
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Publicado em 22 de setembro de 2025 às 11h34.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o primeiro chefe de Estado a discursar na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira, 23, em Nova York. A tradição, seguida há sete décadas, não está prevista em regulamento oficial, mas consolidou-se em razão do papel brasileiro na fundação da organização.

O costume remonta à atuação do diplomata Oswaldo Aranha, que presidiu sessões decisivas no início da ONU e teve papel central na aprovação da criação do Estado de Israel em 1947.

Como surgiu a tradição

Desde a 10ª Assembleia Geral, em 1955, o Brasil ocupa a posição de primeiro orador. O reconhecimento foi uma forma simbólica de destacar a relevância histórica do país nos trabalhos inaugurais da ONU.

Os Estados Unidos, anfitriões da sede em Nova York, sempre falam em seguida. Para os demais países, a ordem é definida por critérios como nível de representação e ordem de inscrição.

O papel de Oswaldo Aranha

Ministro das Relações Exteriores do governo Vargas entre 1938 e 1944, Aranha presidiu a primeira sessão especial da Assembleia e a segunda sessão ordinária, ambas em 1947. Sua atuação garantiu que a votação sobre a partilha da Palestina não fosse adiada.

O Brasil apoiava a solução de dois Estados e teve voto decisivo para a aprovação do plano. O prestígio rendeu a Aranha a indicação ao Prêmio Nobel da Paz, embora o título tenha sido concedido ao Conselho dos Quacres, da Grã-Bretanha.

O discurso de Lula

Lula deve utilizar o pronunciamento deste ano para defender soberania nacional, democracia e compromissos globais contra as mudanças climáticas. O presidente também reforçará o convite à COP30, em Belém, em novembro, além de destacar o combate à fome e a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

Embora haja expectativa de que o discurso seja lido como um contraponto ao do presidente americano Donald Trump, interlocutores afirmam que Lula evitará citar diretamente os Estados Unidos.

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