Nicolas Maduro, presidente da Venezuela desde 2013, foi punido por desrespeitar direitos humanos e outras ações (Carolina Cabral/Getty Images)
Repórter
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 14h52.
A Venezuela anunciou, na segunda-feira, 13, o fechamento de suas embaixadas na Noruega e na Austrália.
A medida veio após semanas de tensão e incerteza, com barcos de guerra americanos afundando embarcações sob suspeita de tráfico de drogas, e pouco tempo após a principal líder da oposição contra Nicolás Maduro ganhar o Prêmio Nobel da Paz.
Tanto a Noruega quanto a Austrália são fortes aliadas dos EUA, um rival político e ideológico da Venezuela.
Em vez disso, o país pretende abrir embaixadas no Burkina Faso e no Zimbábue, nações que vê como parceiras estratégicas.
María Corina Machado, 58, é a principal liderança da corrupção na Venezuela e recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2025 na sexta-feira passada, dia 10.
Machado vem batalhando contra o regime do presidente Nicolás Maduro, que faz parte de um grupo no poder desde 1999. O governo Maduro é questionado internacionalmente por perseguir candidatos de oposição e de fraudar resultados eleitorais.
A organização a premiou “pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia.”
Como o prêmio Nobel é coordenado a partir da Noruega, o fechamento da embaixada em Oslo pode ser visto como forma de retaliação.
Comentando sobre o assunto, um representante do Ministério do Exterior da Noruega disse à Reuters: “O Prêmio Nobel é independente do governo norueguês e, quando se trata de questões relacionadas ao prêmio, nos reportamos ao Comitê Nobel.”
Por sua vez, o Comitê do Nobel responde: “Para a comissão, a tarefa em questão é selecionar o vencedor certo do Prêmio Nobel da Paz. E Maria Corina Machado é certamente uma vencedora digna!”
Maduro diz que o fechamento das embaixadas é apenas parte de uma realocação estratégica dos recursos do país.
Também faz parte da medida a abertura de embaixadas em Burkina Faso e no Zimbábue, países que Maduro vê como potenciais parceiros estratégicos.
Sobre as novas embaixadas, seu governo diz que Zimbábue e Burkina Faso são “duas nações irmãs, aliadas estratégicas na luta anticolonial e na resistência contra as pressões hegemônicas.”
Todavia, a embaixada em Oslo disse à Reuters que recebeu apenas o aviso de fechamento, sem nenhuma justificativa.
Tanto a Noruega quanto a Austrália são parceiros ideológicos muito próximos dos EUA, e prezam por valores condenados pelo governo de Maduro.
Desde meados de setembro, a marinha americana vem conduzindo operações em águas internacionais perto da Venezuela e já afundou diversos barcos suspeitos de tráfico de drogas. Ao todo, 4 barcos foram afundados e 21 vidas foram perdidas.
Os ataques fazem parte do que o governo de Trump chama de uma guerra contra as drogas, mas Washington nunca apresentou evidências para suas alegações.
Além disso, como forte oposto ideológico à Venezuela, a presença militar americana tão próxima do país vem gerando tensão e incerteza política. Nicolás Maduro acusou Donald Trump de tentar instigar uma mudança de regime no país e pediu uma resposta da ONU.