Mundo

Por que diplomatas da Rússia estão sendo expulsos dos EUA e União Europeia

Depois do Reino Unido, EUA e outros países expulsaram oficiais russos de seus territórios. Ataque contra o ex-agente Sergei Skripal está por trás da medida

Bandeira da Rússia é vista em Kiev, Ucrânia (Gleb Garanich/Reuters)

Bandeira da Rússia é vista em Kiev, Ucrânia (Gleb Garanich/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 26 de março de 2018 às 12h57.

Última atualização em 26 de março de 2018 às 14h53.

São Paulo – Em um movimento quase que coordenado, o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, e países da União Europeia (UE) anunciaram a expulsão de diplomatas e oficiais da Rússia de seus territórios na manhã desta segunda-feira.

A medida, justificaram os aliados, é uma resposta ao uso de armas químicas em solo britânico, mais especificamente no ataque contra o ex-espião Sergei Skripal no último dia 4 de março na cidade de Salisbury (Inglaterra).

“As ações de hoje tornam os EUA mais seguros ao reduzir a capacidade da Rússia de conduzir operações que ameaçam a segurança nacional”, disse a Casa Branca em um comunicado. “Com esses passos, esperamos deixar claro para a Rússia que ações tem consequências”.

O bloco europeu já havia se manifestado na semana passada sobre esse assunto e voltou a enfatizar ser “altamente provável” o envolvimento da Rússia no envenenamento de Skripal. A expectativa é a de que outros países anunciem medidas similares nas próximas horas, como Canadá e México, informou a agência Reuters.

Relembre o caso

Naquele dia, o ex-agente foi encontrado junto com sua filha agonizando em um banco de um parque. O policial que os atendeu também foi afetado. Investigações britânicas revelaram que o agente usado era da família “Novitchok”, de fabricação soviética.

O Reino Unido então passou a cobrar da Rússia explicações sobre o uso de armas químicas em seu solo e o envolvimento do país nesse episódio. O governo Putin, por sua vez, negou ter qualquer responsabilidade no ato.

Diante do que foi visto pelos britânicos como falta de esclarecimentos, a primeira-ministra Theresa May retaliou há cerca de duas semanas ao anunciar a expulsão de 23 diplomatas da Rússia, que respondeu expelindo a mesma quantidade de oficiais britânicos do seu território.

Alinhando-se ao lado do Reino Unido, a UE logo passou a cobrar explicações dos russos e lembrou que o uso de agentes nervosos em um ataque como esse configuraria uma violação da Convenção de Armas Químicas, tratado proíbe a produção, aquisição, estocagem, retenção, transferência e o uso deste tipo de armamento e do qual a Rússia é signatária.

Quem é Sergei Skripal

Nascido em 23 de junho de 1951, Skripal trabalhou até 1999 no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. De 1999 a 2003, trabalhou no Ministério das Relações Exteriores do país.

Em 2004, foi detido e acusado de “alta traição” por ter repassado informações sobre as identidades de agentes secretos russos que trabalhavam na Europa para o serviço de inteligência britânico, o MI-6, em troca de US$ 100 mil.

Condenado a 13 anos de prisão, ele ficou preso até 2010. Depois de receber perdão do então presidente Dmitri Medvedev, foi incluído no que é considerada a maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria e vivia na Inglaterra desde então.

Acompanhe tudo sobre:DiplomaciaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Reino UnidoRússiaUnião EuropeiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Biden diz a Trump que os migrantes são o "sangue" dos Estados Unidos

Incêndios devastam quase 95 mil hectares em Portugal em 5 dias

Relatório da ONU e ONGs venezuelanas denunciam intensificação de torturas nas prisões do país