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Por que a relação militar entre EUA e Europa entrou em uma 'nova era' nos últimos dias

Negociações de paz para a Ucrânia, sem participação de europeus, acendeu alerta no continente

Representantes dos EUA e da Rússia, durante reunião sobre a Ucrânia, em Riad, na Arábia Saudita (Evelyn Hockstein/AFP)

Representantes dos EUA e da Rússia, durante reunião sobre a Ucrânia, em Riad, na Arábia Saudita (Evelyn Hockstein/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 06h14.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 07h19.

Uma rodada de negociações diretas entre Estados Unidos e Rússia, para tentar encerrar a Guerra da Ucrânia, começou nesta terça-feira, 18, em Riad, na Arábia Saudita. Essas conversas, no entanto, viraram uma questão delicada para a Europa, pois líderes do continente não foram chamados. Nem representantes da Ucrânia.

Além disso, o governo de Donald Trump vem pressionando os europeus a gastarem mais em defesa, o que tem feito os líderes do velho mundo entenderem que poderão contar cada vez menos com apoio americano na área, um cenário que se mantém desde o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em tese, a Rússia tem poder para encerrar o conflito, que completa três anos semana que vem. Como país invasor, bastaria retirar suas tropas da Ucrânia. A dúvida é como vão ficar as fronteiras. A Rússia deu sinais de que não quer desistir das áreas ucranianas já conquistadas.

Outro ponto é como garantir que, uma vez feita a paz, a Rússia não decida fazer uma nova guerra contra a Ucrânia daqui a alguns meses ou anos, e apenas usar um acordo para ganhar tempo e se armar melhor.

A Europa entra neste ponto. Uma das formas de garantir que a Rússia não volte a atacar o país vizinho é colocar uma força internacional para patrulhar a região. O premiê do Reino Unido, Keir Steimer, tem defendido a criação de uma força conjunta europeia para isso, a ser montada com apoio dos EUA. Essa força precisaria ter ao menos 30 mil homens, segundo o Reino Unido, mas precisaria de apoio aéreo e logístico da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) - ou seja, dos EUA. No entanto, alguns países, como a Alemanha e a Itália, discordam da ideia, mas também defendem mais gastos em segurança.

A ausência dos europeus nas conversas de paz gerou revolta no continente. Na segunda-feira, líderes de vários países europeus se reuniram em Paris, para discutir, de forma emergencial, saídas para a crise na Ucrânia. Além disso, buscam-se maneiras de se adaptar a um novo cenário, onde a aliança militar com os Estados Unidos, que vem desde a Segunda Guerra, está em xeque. Não só pela exclusão das conversas de paz sobre a Ucrânia, mas porque o governo de Donald Trump defende que os europeus devem gastar mais com segurança e contribuir mais com a Otan.

"Nova era"

"Neste momento, temos de perceber que estamos em uma nova era e não nos apegar aos confortos do passado, mas assumir a responsabilidade pela nossa segurança e do nosso continente", disse Starmer, premiê do Reino Unido.

"Todos nessa reunião estão cientes de que as relações transatlânticas, a Otan e nossa amizade com os Estados Unidos entraram em uma nova fase", disse Donald Tusk, premiê da Polônia.

A reunião de segunda terminou sem medidas claras, como era esperado. Os líderes europeus esperam os próximos passos de EUA e Rússia para fechar novas linhas de ação. Já o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que "não reconhecerá nenhum acordo de paz [feito] sem nós". Ele viajou aos Emirados Árabes e terá uma reunião com o presidente da Turquia.

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