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Por medo de atentados, cristãos sírios se escondem antes do Natal

Ao contrário dos anos anteriores, não há decorações de Natal e Ano Novo em Wusta, principal bairro do setor cristão da cidade de maioria curda de Qamishli

Síria: nas ruas principais, as guirlandas e árvores de Natal deram lugar às câmeras de segurança (Omar Sanadiki/Reuters)

Síria: nas ruas principais, as guirlandas e árvores de Natal deram lugar às câmeras de segurança (Omar Sanadiki/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de dezembro de 2016 às 16h19.

Ruas quase desertas, câmeras de vigilância ao redor das igrejas, segurança máxima: assombrado pelos ataques de extremistas islâmicos, o setor cristão da cidade síria de Qamishli é só tristeza para as celebrações de Natal.

Ao contrário dos anos anteriores, não há decorações de Natal e Ano Novo em Wusta, principal bairro do setor cristão da cidade de maioria curda de Qamishli, no nordeste da Síria em guerra.

Em um canto de rua, o restaurante Domino, atingido por um ataque com homem-bomba em 22 de maio está quase vazio.

"Os atentados que ocorreram na véspera de Ano Novo no ano passado tiveram um efeito negativo sobre o nosso ganha-pão. As pessoas agora têm medo de sair e ir a restaurantes", diz com tristeza o proprietário do Domino, Nidal Zahawi, tomando seu café em uma das mesas.

"Quase não vimos pessoas este ano", conta o homem com cabelos grisalhos de cerca de cinquenta anos, destacando a falta de entusiasmo para as decorações de Natal e Ano Novo. "O coração não está aqui", suspira.

No último Ano Novo, três atentados, incluindo dois em Wusta e todos reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), fizeram 16 mortos e 30 feridos. O setor cristão foi então atingido por ataques principalmente direcionados contra restaurantes.

Desde então, Wusta é defendida pela milícia cristã siríaca "Sotoro", próxima do regime de Damasco, e seus próprios habitantes. Os carros são autorizados a usar uma única entrada para o bairro.

As pessoas têm medo

Nas ruas principais, as guirlandas e árvores de Natal deram lugar às câmeras de segurança.

Na sede da força "Sotoro", protegida por sacos de areia e onde fotos do presidente Bashar al-Assad ornam as paredes, uma autoridade militar afirma que "festas e encontros foram proibidos por decisão da igreja".

"Nosso dever é proteger as igrejas e os bairros cristãos com a colaboração dessas forças presentes na região, incluindo aquelas do regime e as dos curdos", disse ele, recusando-se a dar seu nome por razões de segurança.

"Pretendemos fechar as ruas que conduzem ao bairro, instalar câmeras de vigilância e aumentar as patrulhas, principalmente em torno das igrejas, para evitar qualquer ataque terrorista", acrescentou.

Algumas lojas decoraram suas vitrines com sinos, bonecos de Papai Noel e desejos para um feliz 2017.

"As pessoas não se sentem muito felizes. Não é como no ano passado, antes dos ataques", diz Kostan Sergon, proprietário de uma loja de decorações.

Nada de festas

"As pessoas compram mais para decorar o interior de suas casas, para seus filhos", afirma este homem de 35 anos. "Eles não estão comprando como antes".

Além disso, as famílias das vítimas vão viver este ano o primeiro aniversário da morte de seus entes queridos nos atentados, outra razão para tristeza.

Na Igreja da Virgem Santa, onde uma única árvore serve de decoração de Natal, o clérigo Abdel Messih Youssef recorda o trágico ataque que "fez vários mártires entre os jovens da nossa comunidade".

As celebrações "serão realizadas este ano somente dentro da igreja e serão limitadas aos rituais religiosos. Não haverá festas", afirmou.

Os siríacos são a maior comunidade cristã, à frente dos assírios e da comunidade armênia em Qamishli.

Melinda Glo, de 23 anos, que está prestes a seguir os seus pais que já partiram para a Austrália, recorda as festas dos anos anteriores ou a atmosfera festiva. "Mas hoje a maioria de nossos amigos se foram", lamenta, desejando "paz a todos."

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