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Ponte de Moisés será construída no Mar Vermelho: projeto de US$ 4 bi liga o Egito à Arábia Saudita

Ligação entre os dois países pelo estreito de Tiran está pronta para começar e pode mudar rota de milhões de peregrinos rumo a Meca

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Publicado em 1 de junho de 2025 às 14h08.

A Arábia Saudita e o Egito avançaram no planejamento de uma ponte que ligará os dois países através do estreito de Tiran, faixa marítima localizada entre o golfo de Aqaba e o mar Vermelho, uma obra estimada em US$ 4 bilhões e inteiramente financiada por Riad, capital e centro político da Arábia Saudita. A confirmação do fim da etapa de planejamento foi feita pelo ministro egípcio dos Transportes, Kamel al-Wazir.

Batizado popularmente de “ponte de Moisés”, o projeto foi anunciado em 2016 pelo rei Salman bin Abdulaziz, da Arábia Saudita, e busca conectar a cidade de Ras Hamid, vila costeira na região noroeste do país, à cidade egípcia de Sharm El-Sheikh, um dos principais destinos turísticos do Egito, localizada na península do Sinai. Segundo al-Wazir, o projeto pode ser executado como ponte ou como túnel, dependendo da decisão final das autoridades sauditas.

A travessia tem grande potencial estratégico e simbólico. Além de promover turismo e comércio, a estrutura pode servir como rota alternativa para peregrinos em direção a Meca, cidade sagrada do islamismo, com capacidade para receber mais de um milhão de viajantes por ano. A ponte também deve reforçar a integração física entre o Egito e o megaprojeto saudita NEOM, uma smart city, ou cidade inteligente, planejada como centro futurista de tecnologia, inovação e urbanismo na região de Tabuk, próxima à fronteira com o Egito e a Jordânia.

Criada em 1978, a Arab Bridge Maritime Company, consórcio árabe especializado em transporte marítimo, opera atualmente 13 embarcações entre os dois países. A nova estrutura deverá competir ou até substituir parcialmente essa rota marítima, oferecendo maior agilidade e integração logística.

Ponte revive planos antigos e contorna entraves diplomáticos

Apesar do novo impulso, a proposta de uma ligação física entre Egito e Arábia Saudita é antiga. A primeira menção formal ao projeto de ponte no Mar Vermelho data de 1988, mas ele foi paralisado diversas vezes por resistências diplomáticas e geopolíticas, especialmente envolvendo Israel, que tem preocupações com a segurança no estreito de Tiran, por onde passa parte significativa de seu comércio marítimo.

O nome “ponte de Moisés”, ainda não oficial, faz alusão à travessia bíblica do mar pelo profeta Moisés, segundo a tradição judaico-cristã, e ao simbolismo religioso do local, o que explica a adesão popular ao apelido. Já o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi chegou a propor o nome formal de ponte rei Salman bin Abdulaziz, em homenagem ao monarca saudita que relançou a proposta em 2016.

A obra é vista como parte estratégica da expansão de NEOM, um projeto de cidade futurista avaliado em US$ 500 bilhões. Apesar do marketing global como polo de tecnologia e inovação, o empreendimento enfrenta atrasos, disputas internas e críticas por questões de direitos humanos, incluindo o deslocamento forçado de comunidades locais, como os Howeitat, tribo tradicional da região.

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