Mike Pompeo: secretário de Estado americano se colocou contra processo de impeachment de Trump (Piroschka Van De Wouw/Reuters)
Beatriz Correia
Publicado em 1 de outubro de 2019 às 15h32.
Última atualização em 1 de outubro de 2019 às 15h41.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, denunciou na segunda-feira (30) a "perseguição" dos congressistas democratas, depois que a Câmara de Representantes iniciou uma investigação que abre caminho para o impeachment do presidente Donald Trump.
Em uma carta enviada ao Congresso, Pompeo disse que a citação da Câmara feita a ele e a outros diplomatas "só pode ser entendida como uma tentativa de intimidação, perseguição e uma forma imprópria de tratar renomados profissionais do Departamento de Estado".
"Deixem-se ser claro: não vou tolerar este tipo de tática e vou usar todos os meios a minha disposição para impedir e expor qualquer tentativa de perseguição a estes dedicados profissionais, os quais estou orgulhoso de liderar e de servir", tuitou Pompeo.
Let me be clear: I will not tolerate such tactics, and I will use all means at my disposal to prevent and expose any attempts to intimidate the dedicated professionals whom I am proud to lead and serve alongside at the Department of State.
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) October 1, 2019
O secretário disse ainda que as convocações têm "profundas deficiências legais e de procedimento" e que as declarações de cinco funcionários da ativa que tinham de começar na quarta-feira "não são factíveis". Ele não mencionou se os diplomatas poderão comparecer em outras datas.
Os cinco funcionários têm depoimentos agendados para esta semana e a próxima. A Câmara, liderada pela oposição democrata, está analisando um pedido feito por Trump ao presidente da Ucrânia para que este investigasse o pré-candidato presidencial democrata Joe Biden.
Na semana passada, democratas deram a largada na iniciativa do impeachment com base na denúncia de um delator contra o presidente feita por uma pessoa da comunidade de inteligência dos EUA, que acusou Trump de solicitar interferência estrangeira na eleição de 2020 para seu próprio benefício político.
A presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, lançou na semana passada um inquérito de impeachment sobre Trump em reação ao caso ucraniano. O processo pode levar a um julgamento no Senado para se decidir se Trump será afastado ou não do cargo, mas os colegas republicanos do presidente controlam o Senado e mostram pouca inclinação para removê-lo.
Pompeo, que está na Itália para uma visita de três dias, se opôs a um pedido do deputado democrata Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, para seu departamento liberar as autoridades para os depoimentos. Entre os funcionários convocados estão Marie Yovanovitch, ex-embaixadora dos EUA para a Ucrânia, e Kurt Volker, ex-representante especial norte-americano para a Ucrânia.
Na carta, Pompeo disse a Engel: "Estou preocupado com aspectos de seu pedido que podem ser entendidos como uma tentativa de intimidar, assediar e tratar indevidamente os distintos profissionais do Departamento de Estado, incluindo vários funcionários de carreira das Relações Exteriores, que o comitê está mirando agora".
Pompeo informou que seu departamento responderá a uma intimação do Comitê de Relações Exteriores até sexta-feira. Ele disse que as datas propostas para os depoimentos não proporcionam tempo adequado para a preparação e que os funcionários podem não comparecer a nenhum depoimento sem um conselheiro do Executivo presente para controlar a revelação de informações confidenciais.
O telefonema de 25 de julho de Trump ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, ocorreu depois de Trump congelar quase 400 milhões de dólares em ajuda concebida para auxiliar a Ucrânia a lidar com uma insurgência de separatistas apoiados pela Rússia no leste do país. A ajuda foi concedida mais tarde.
(Com Reuters e AFP)