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Poluição serve de vitrine para veículos elétricos e públicos

Poluição que castiga Paris, asfixiada há uma semana, transformou a nuvem de poluição na vitrine perfeita para o serviço de carros elétricos e públicos


	Carro elétrico: circulação alternativa de veículos conseguiu, entre outras coisas, reduzir também os engarrafamentos
 (Divulgação/Elmo)

Carro elétrico: circulação alternativa de veículos conseguiu, entre outras coisas, reduzir também os engarrafamentos (Divulgação/Elmo)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2014 às 09h27.

Paris - O episódio de poluição atmosférica que castiga Paris, asfixiada há uma semana e submetida a medidas excepcionais para voltar à normalidade, transformou a nuvem de poluição na vitrine perfeita para o serviço de carros elétricos e públicos da capital francesa.

O uso do chamado Autolib, um veículo completamente elétrico que desde 2011 faz parte da oferta de transporte público em Paris, registrou um aumento de 60% desde que a cidade se encontra em alerta ecológico, explicaram à Agência Efe seus responsáveis.

Isso se deve ao fato de que, seguindo a linha de outras decisões de urgência para tentar que o elevado número de partículas finas deixe de envenenar o ar parisiense, os 2.115 desses carros que povoam as ruas da cidade são gratuitos.

Pelo menos para os 137 mil donos de um abono anual (de 120 euros para particulares), que não têm que pagar os 5,5 euros suplementares que custa alugar durante 30 minutos um desses veículos, que é possível estacionar em 867 estações e se alimentar em 4.540 pontos de carga elétrica na capital.

Essa oferta ecológica terminou na meia-noite de segunda-feira, pois espera-se que para então o pico de poluição tenha sido superado, causado em partes pelas suaves temperaturas e a ausência prolongada de vento e chuva.

A Prefeitura de Paris estima que a densidade de partículas finas se situará de novo entre 40 e 55 miligramas por metros cúbicos, abaixo do nível de alerta, fixado em 80, e longe das 100 miligramas que foram alcançadas nos últimos dias.

Além de não cobrar pelo uso do carro elétrico, em Paris foram estabelecidas outras medidas excepcionais para incentivar as pessoas a deixarem o carro em casa.

Assim ficou estabelecida a gratuidade temporária do metrô, dos ônibus e dos trens de cercanias da cidade, cujo custo ronda os 4 milhões de euros diários, segundo a empresa responsável.

Nesta segunda-feira também foi proibido circular em Paris e nos 22 municípios nos arredores com carros com placas terminadas em número par (salvo que transporte três ou mais pessoas), uma iniciativa comum em outras cidades do mundo, mas inédita em Paris desde 1997.


A multa por ignorar essa obrigação, que é vigiada por 700 policiais, é de 22 euros. A decisão, que também terminou à meia-noite, é complementada com o estacionamento gratuito nas áreas residenciais e a proibição de circulação dos caminhões pesados.

A circulação alternativa de veículos conseguiu, entre outras coisas, reduzir também os engarrafamentos em uma área metropolitana na qual vivem cerca de 12 milhões de pessoas. Segundo os dados oficiais, no começo de segunda havia 114 quilômetros de engarrafamentos acumulados na região parisiense, frente aos 259 quilômetros frequentes. O tráfego rodado em geral caiu 25%.

A poucos dias da realização em Paris do primeiro turno das eleições municipais no domingo, a ecologia ganha espaço no debate político, e as duas candidatas à prefeitura, a socialista Anne Hidalgo e a conservadora Nathalie Kosciusko-Morizet e ex-ministra de Transportes levaram a qualidade do ar à campanha.

Hidalgo, favorita nas enquetes para se transformar em 30 de março na primeira mulher da história a governar Paris, propõe ampliar o Autolib a toda a região da capital, aumentar a oferta de bicicletas públicas e introduzir algumas com motor elétrico.

A candidata da UMP e ex-ministra de Transporte, que criticou as tardias e "cosméticas" medidas adotadas de urgência pela Prefeitura, aposta em multiplicar em quatro as zonas de pedestres e desenvolver as iniciativas para compartilhar veículos particulares.

Ambas querem, além disso, frear o uso de ônibus movidos a diesel na capital. A socialista aposta na "substituição progressiva", enquanto a conservadora quer "erradicá-la".

Por sua parte, o presidente da empresa pública de transporte em Paris, a RATP, Pierre Mongin, comentou ao "Le Monde" que espera que para 2025 não haja em Paris nenhum ônibus a diesel, um tipo de motor que gera grande parte dessas micropartículas que envenenam o ar.

"Quero que no horizonte de 2025 o conjunto do parque de ônibus seja elétrico. Como demonstraram os debates da campanha eleitoral, reforçados pelo episódio de poluição de partículas finas, há fortes reivindicações para uma solução de transporte neutra em emissões de CO2", declarou.

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