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Polônia manda tropas para fronteira com a Bielorrússia por aproximação do Grupo Wagner

Militares entram em ação após o país e a Lituânia terem ameaçado construir barreiras físicas nas fronteiras bielorrussas

Polônia: primeiro-ministro da país, Mateusz Morawiecki, teme invasão do Grupo Wagner (Beata Zawrzel/Getty Images)

Polônia: primeiro-ministro da país, Mateusz Morawiecki, teme invasão do Grupo Wagner (Beata Zawrzel/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 3 de agosto de 2023 às 14h21.

Última atualização em 3 de agosto de 2023 às 14h39.

A tensão entre a Polônia — país que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — e a Bielorrússia — aliado de primeira hora de Moscou — escalou, nesta quinta-feira, 3, após o envio de reforço de tropas polonesas à fronteira entre os dois países, em resposta ao que Varsóvia diz ter sido uma invasão do seu espaço aéreo por helicópteros bielorrussos e do deslocamento de forças mercenárias do Grupo Wagner para a região.

A movimentação de militares poloneses acontece também após o país e a Lituânia terem ameaçado construir barreiras físicas nas fronteiras bielorrussas, devido ao temor de um ataque do Wagner — que moveu um grande contingente de paramilitares para o território da Bielorrússia após o motim fracassado contra Moscou.

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Nesta terça-feira, 1º, o governo de Varsóvia disse que helicópteros bielorrussos invadiram o espaço aéreo do país, durante um exercício militar previamente informado por Minsk. O Ministério da Defesa bielorrusso negou a ocorrência de qualquer violação, no entanto, o Ministério da Defesa polonês confirmou o envio de tropas adicionais e helicópteros de combate para a fronteira.

‘Guerra híbrida’

Há menos de duas semanas, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu a Polônia de que trataria qualquer "agressão" à aliada Bielorrússia como um ataque ao seu próprio país. A declaração veio após o anúncio de Varsóvia de que haveria reforço na segurança de fronteira.

Autoridades polonesas alertaram anteriormente sobre o início de uma "nova fase de guerra híbrida" após o anúncio do acordo que permitiu a entrada de combatentes do Wagner na Bielorrússia. E também criticaram o auxílio do país vizinho a imigrantes que cruzam a fronteira, apontando o movimento como parte de um plano russo para atacar a Europa.

Já Moscou vem levantando suspeitas sobre o papel de Varsóvia na guerra na Ucrânia, embora sem apresentar evidências concretas. O chefe do serviço de inteligência estrangeira da Rússia, Sergei Naryshkin, afirmou durante uma reunião que o país obteve informações de que a Polônia está planejando assumir o controle das regiões ocidentais ucranianas como resultado de um "pacto de defesa mútua com a Ucrânia e a Lituânia”.

A tensão na região de fronteira entre os países que integram a aliança militar ocidental encabeçada pelos Estados Unidos — e criada no fim da Segunda Guerra Mundial para conter o avanço da influência da antiga União Soviética para o Ocidente — e a Rússia é especialmente sensível na região entre a Polônia e a Lituânia chamada de “corredor de Suwalki”. Há décadas, a Otan busca meios de conter as pretensões russas neste que é um corredor estratégico — uma faixa de 65 quilômetros que liga o enclave russo de Kaliningrado, que fica entre os dois países, e a Bielorrússia.

Após a invasão da Ucrânia, as sanções da União Europeia contra Moscou criaram impedimentos para o transporte de alguns produtos russos para Kaliningrado usando o corredor.

De acordo com a CNN, o governo polonês informou que o incidente com os helicópteros ocorreu ao sul do "corredor de Suwalki" e registrou a movimentação de mercenários do Wagner se dirigindo ao corredor, pela cidade de Grodno, no oeste da Bielorrússia. Segundo a CNN, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, considerou que o deslocamento do Wagner para a região torna a situação "ainda mais perigosa".

As fricções entre Moscou e a Otan foram amplificadas após o início do conflito na Ucrânia. A tentativa ucraniana de entrar na aliança militar ocidental é amplamente apontada pelo Kremlin como uma provocação que está entre as justificativas para a guerra, apresentada como parte de um plano do Ocidente contra os interesses de Moscou. Em abril, com a entrada da Finlândia na aliança militar ocidental, as fronteiras entre a Otan e a Rússia mais que dobraram em extensão.

(Com AFP)

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