Petraeus e Paula Broadwell: o FBI descobriu a relação, agora encerrada, ao investigar e-mails de Broadwell enviados para uma outra mulher (©AFP / Ho)
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2012 às 12h34.
Washington - Parte da classe política americana, preocupada com possíveis danos à segurança nacional, exigiu nesta segunda-feira esclarecimentos sobre o calendário da investigação do caso de adultério que levou à demissão inesperada do diretor da CIA, David Petraeus, três dias após a reeleição do presidente Barack Obama.
Em sua edição desta segunda, o jornal The New York Times indica que membros do FBI e do Departamento de Justiça estavam cientes do caso desde o último verão (americano), mas não informaram a nehuma pessoa fora do seu círculo até a semana passada, quando o general renunciou.
Petraeus, a pouco mais de um ano à frente da agência de inteligência, anunciou na sexta-feira ter apresentado na véspera sua demissão ao presidente Barack Obama, que a aceitou no dia seguinte.
Como esta segunda é feriado nos Estados Unidos, as audiências de membros da Polícia Federal e da CIA não devem acontecer antes de terça-feira, de acordo com imprensa americana.
Enquanto isso, os políticos continuam a exigir explicações sobre o calendário da investigação, sua repercussão e eventuais danos à segurança nacional em torno deste caso de adultério.
Esta renúncia ocorreu depois de uma série de e-mails de ameaça enviados por sua amante para uma segunda mulher, que ela considerava uma rival.
Peter King, que ocupa um alto cargo na Comissão de Segurança Nacional da Câmara dos Deputados, disse no domingo à CNN "que gostaria de saber como essas mensagens chegaram ao FBI, como o FBI investigou por tanto tempo, enquanto o general Petraeus estava envolvido". "O FBI devia ter conversado a respeito com o presidente, e agora parece que o FBI percebeu apenas no dia da eleição que o general estava envolvido", acresentou.
A presidente do Comissão de Inteligência do Senado americano, a democrata Dianne Feinstein, assegurou no domingo à Fox News que "não houve nenhuma violação de segurança nacional". "Até o momento, não houve", insistiu.
No entanto, ela afirmou que sua comissão vai investigar por que o FBI não informou a ela sobre o caso Petraeus: "Nós deveríamos ter sido informados, é algo que poderia ter um efeito sobre a segurança nacional ".
Ela também disse que não há em absoluto uma ligação entre a renúncia do chefe da CIA e o ataque contra o consulado dos Estados Unidos em 11 de setembro, em Benghazi (Líbia), cuja condução por parte da administração Obama foi um caso controverso.
Sugerindo a existência de uma conspiração, os republicanos ressaltaram que o ex-diretor da CIA deve ser ouvido sobre o caso na quinta-feira pelo Parlamento.
Petraeus foi substituído por Mike Morrell, que está atuando temporariamente.
Feinstein indicou, no entanto, que o general poderá ser chamado a depor.
A imprensa americana descobriu, por sua vez, que a amante do general Petraeus era Paula Broadwell, que completou 40 anos na sexta-feira. Esta ex-militar passou um ano no Afeganistão para escrever uma biografia do general demissionário: "All In: The Education of General Petraeus" (ainda não traduzido).
O FBI descobriu a relação, agora encerrada, ao investigar e-mails de Broadwell enviados para uma outra mulher que, assustada, procurou a proteção do FBI, de acordo com relatos da mídia.
Segundo a agência de notícias AP ela se chama Jill Kelley. Tem 37 anos e vive em Tampa, Flórida, e seria uma amiga de longa data do general. Ela não tinha nenhum status especial no exército e trabalhava como "agente de ligação social" com uma base aérea na Flórida.
A investigação chegou até Petraeus, que foi interrogado pelo FBI há duas semanas, de acordo com autoridades policiais ao Washington Post.
Segundo o New York Post, citando um membro do governo, os e-mails incluíam frases como: "Eu sei o que você fez", "Vá embora", "Saia de perto do meu homem".
Broadwell, casada com um médico radiologista, vive em Charlotte (Carolina do Norte) e tem dois filhos.
De acordo com o New York Times, as duas mulheres pareciam "competir pelo reconhecimento (de Petraeus), não por seu afeto."