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Político islâmico e ex-militar farão 2º turno no Egito

Os resultados oficiais estão previstos apenas para terça-feira, mas um juiz envolvido na totalização disse que, com 90 por cento das urnas apuradas, Mursi e Shafiq lideram

Egípcia pronta para votar
 (Mahmud Hams/AFP)

Egípcia pronta para votar (Mahmud Hams/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2012 às 13h24.

Cairo - Resultados preliminares da eleição presidencial egípcia divulgados na sexta-feira indicam que o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, irá enfrentar o brigadeiro da reserva Ahmed Shafiq no segundo turno, em 16 e 17 de junho.

Os resultados oficiais estão previstos apenas para terça-feira, mas um juiz envolvido na totalização disse que, com 90 por cento das urnas apuradas, Mursi e Shafiq lideram. O esquerdista Hamdeen Sabahy aparece em terceiro, segundo essa fonte.

Funcionários da Irmandade Muçulmana disseram que seu candidato teve 25 por cento dos votos, e que Shafiq ficou em segundo lugar. De acordo com essa versão, porém, Sabahy ficou em quarto lugar, atrás do candidato islâmico independente Abdel Moneim Abol Fotouh.

O primeiro turno, realizado na quarta e quinta-feira desta semana, polarizou os egípcios entre aqueles que desejam evitar a eleição de um político religioso e os que temem a volta de políticos ligados ao deposto regime de Hosni Mubarak - de quem Shafiq foi o último premiê.

Shafiq, conhecido por seu jeito direto de falar, era o azarão numa disputa em que o ex-chanceler Amr Moussa e o ex-membro da Irmandade Abol Fotouh despontavam como favoritos.


Sua ascensão reflete a preocupação de muitos egípcios com a desordem e com a violência política que assola o país desde a deposição de Mubarak.

A eleição, que pela primeira vez na história egípcia representa uma disputa real, marca o apogeu de uma turbulenta transição desde a revolta que derrubou Mubarak, há 15 meses. Mas o segundo turno pode motivar mais distúrbios, pois adversários de Shafiq prometem sair às ruas se ele for eleito.

Já a vitória de Mursi, da Irmandade, pode agravar as tensões entre os políticos islâmicos, que são maioria no Parlamento, e as Forças Armadas, que há 60 anos dominam a política do país, e devem manter forte influência depois que a junta militar empossar o novo presidente, em 1o de julho.

Cristãos e liberais laicos, preocupados com suas próprias liberdades e com o futuro do vital setor turístico egípcio, veem com temor as propostas da Irmandade para a adoção de uma legislação islâmica.

"Agora os egípcios vão ter de escolher entre a revolução e a contrarrevolução. A próxima votação será o equivalente a um referendo sobre a revolução", disse à Reuters Mohamed Beltagy, dirigente da Irmandade.

Mas os políticos islâmicos demoraram a aderir à revolução que derrubou Mubarak no ano passado, e alguns jovens envolvidos naquele movimento ficaram indignados com o resultado do primeiro turno, que lhes privou de uma opção mais liberal.

"Estou chocado", disse o taxista Tareq Farouq, 34 anos, no Cairo. "Como isso pôde acontecer? As pessoas não querem Mursi nem Shafiq. Estamos fartos de ambos. Eles estão levando as pessoas de volta à praça Tahrir", afirmou, numa alusão ao local do Cairo que foi o epicentro da revolta contra Mubarak.

A direção da Irmandade disse que vai se reunir "para galvanizar os eleitores islâmicos e egípcios para enfrentar o bloco dos 'feloul'", termo pejorativo que alude a remanescentes do regime de Mubarak.

O partido convidou políticos de outras correntes, inclusive Abol Fotouh e Sabahy, para discutir uma futura coalizão, segundo Yasser Ali, dirigente do Partido Liberdade e Justiça, braço político da Irmandade.

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