Redatora
Publicado em 3 de junho de 2025 às 06h43.
As políticas comerciais agressivas de Donald Trump estão prejudicando a economia dos Estados Unidos e de outras regiões do mundo, alerta a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A entidade revisou para baixo, pela segunda vez em 2025, suas projeções de crescimento global, afetadas principalmente pelas tarifas impostas pelos EUA.
A OCDE agora estima que a economia global crescerá 2,9% neste ano, ante 3,3% em 2024. Nos Estados Unidos, a desaceleração é mais acentuada: a previsão de expansão caiu para 1,6%, bem abaixo dos 2,8% registrados no ano passado e da projeção anterior feita em março.
De acordo com Alvaro Pereira, economista-chefe da OCDE, o enfraquecimento do crescimento e a queda no comércio global devem afetar a renda e limitar a geração de empregos em quase todos os países. A combinação entre barreiras comerciais e incerteza provocada por medidas protecionistas está minando a confiança e desestimulando investimentos, além de pressionar a inflação.
Mesmo que as tarifas sejam revertidas, o estímulo à atividade econômica e à desaceleração da inflação não seria imediato, segundo a OCDE, devido ao ambiente prolongado de incerteza sobre a política comercial americana.
Além das tarifas, o relatório aponta outros fatores que contribuem para o enfraquecimento da economia dos EUA, como o endurecimento nas regras de imigração e a redução no número de funcionários federais.
A organização também prevê um aumento do déficit orçamentário americano, já que a perda de arrecadação e o recuo na atividade econômica devem superar os ganhos com tarifas e cortes de gastos.
A inflação no país deve seguir em alta em 2025, o que deve adiar uma nova rodada de estímulos monetários por parte do Federal Reserve para 2026. A OCDE também recomenda que outros bancos centrais se mantenham atentos, já que a trajetória de queda da inflação deve ser mais lenta do que o previsto anteriormente.
Além dos efeitos da guerra comercial, a OCDE chama atenção para riscos fiscais crescentes em escala global, com forte pressão por mais gastos em áreas como defesa, mudanças climáticas e envelhecimento populacional. A recomendação é que os governos reduzam despesas não essenciais e ampliem a base de arrecadação para sustentar as finanças públicas.
O relatório foi divulgado às vésperas do encontro anual dos ministros de comércio dos 38 países que integram a OCDE, em Paris.