Mundo

Policial que matou jovem negro nos EUA é indiciada por homicídio culposo

A morte de Daunte Wright provocou uma nova onda de protestos em várias cidades dos Estados Unidos

Se for considerada culpada, ela pode ser condenada a até 10 anos de prisão (Megan Varner/Getty Images)

Se for considerada culpada, ela pode ser condenada a até 10 anos de prisão (Megan Varner/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de abril de 2021 às 08h35.

Última atualização em 15 de abril de 2021 às 08h35.

A policial branca, que no domingo, 11, atirou e matou , um jovem negro de 20 anos, após ter confundido sua pistola com uma arma de eletrochoque, foi presa e será acusada de homicídio culposo, informaram nesta quarta-feira, 14, as autoridades de Minnesota. Se for considerada culpada, ela pode ser condenada a até 10 anos de prisão. A morte de Daunte Wright provocou uma nova onda de protestos nos EUA.

A acusação contra a policial Kimberly Potter, de 48 anos, foi apresentada após ela e o seu chefe pedirem demissão do Departamento de Polícia do Brooklyn Center, após pressão do prefeito da cidade. Protestos contra a violência policial foram registrados em várias cidades americanas, entre elas Nova York, Los Angeles, Washington, Kansas City, Omaha, Portland e Seattle. Outras manifestações estão marcadas para Atlanta e Dallas.

Os protestos mais violentos ocorrem em Brooklyn Center, onde os manifestantes exigiam o indiciamento da ex-policial. Membros da Guarda Nacional de Minnesota e soldados da Patrulha Estadual usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que lançaram fogos de artifício e jogaram pedras e garrafas contra a polícia. Na terça-feira, 13, mais de 60 pessoas foram presas.

Ontem, as famílias de Wright e de George Floyd - negro de 40 anos que morreu asfixiado depois que um policial branco o imobilizou com o joelho por mais de 9 minutos - se reuniram para exigir o fim da brutalidade policial e do assassinato de negros por policiais brancos.

A morte de Wright também provocou protestos em Minneapolis, onde muitos ativistas aguardam o veredicto de Derek Chauvin, acusado de matar Floyd - ele pode pegar até 40 anos de prisão.

Policial acusada de matar Daunte Wright é presa nos EUA

A corregedoria estadual, que investiga as mortes por policiais em Minnesota, disse que a policial Kim Potter foi presa ontem e levada sob custódia. Ela seria mantida na cadeia do condado de Hennepin. As autoridades colocaram grades em volta da casa de Potter, no norte de Brooklyn Center, e patrulhavam a região desde que manifestantes ameaçaram atacar a propriedade. Potter, cuja fiança foi estipulada em US$ 100 mil, fará sua primeira aparição no tribunal hoje.

"Embora apreciemos o fato de o promotor estar buscando justiça para Daunte, nenhuma condenação pode devolver à família de Wright seu ente querido. Não foi por acaso. Este foi um uso intencional, deliberado e ilegal da força", disse Ben Crump, advogado da família Wright, em comunicado.

Potter trabalhou como policial por 26 anos. Ela estava acompanhando outros agentes, na tarde de domingo, quando o carro de Wright foi parado durante uma blitz. Autoridades disseram que ele tinha o registro do veículo vencido. Quando os policiais descobriram que Wright tinha um mandado de prisão pendente, e tentaram prendê-lo, ele tentou fugir.

Imagens captadas por câmeras instaladas no corpo dos policiais mostram Potter avisando que usaria uma arma de choque. Ela gritou "Taser!", três vezes, antes de disparar contra o peito dele com uma pistola. "Acabei de atirar nele", disse a policial, no vídeo. Tom Gannon, que renunciou ao cargo de chefe de polícia local, tinha descrito o episódio como "um disparo acidental".

Pena máxima

Segundo os estatutos de Minnesota, o homicídio culposo pode ser aplicado em casos em que alguém cria um "risco irracional" e mata outra pessoa por negligência. A pena máxima em uma condenação é de 10 anos de prisão.

Imran Ali, vice-diretor da divisão criminal do condado de Washington, onde fica a cidade de Brooklyn Center, prometeu "processar energicamente" os envolvidos e disse ter "a intenção de demonstrar que a policial abandonou sua responsabilidade de proteger o público quando usou sua arma de fogo no lugar da sua pistola de eletrochoque". "A ação (de Potter) provocou o assassinato do sr. Wright e ela deve ser responsabilizada", disse Ali. (Com agências internacionais).

EUA registra protestos após morte de homem negro em ação policial

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)JustiçaMortesNegrosProtestos no mundo

Mais de Mundo

Líder da Coreia do Norte diz que diálogo anterior com EUA apenas confirmou hostilidade entre países

Maduro afirma que começa nova etapa na 'poderosa aliança' da Venezuela com Irã

Presidente da Colômbia alega ter discutido com Milei na cúpula do G20

General norte-coreano é ferido em Kursk, diz jornal dos EUA