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Policial argentino detido na Venezuela é processado por 'terrorismo'

Argentina tacha de "grande mentira" acusações da Venezuela contra militar detido

Foto de arquivo do procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, em 26 de novembro de 2024 (AFP)

Foto de arquivo do procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, em 26 de novembro de 2024 (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 16h42.

Última atualização em 27 de dezembro de 2024 às 16h43.

O policial argentino detido na Venezuela há quase três semanas será processado por "terrorismo", informou nesta sexta-feira (27) o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, em uma acusação classificada como "uma grande mentira" por Buenos Aires.

O governo argentino afirma que Nahuel Agustín Gallo, de 33 anos, foi preso no dia 8 de dezembro ao entrar no país vindo da Colômbia para visitar sua esposa e seu filho, que faz dois anos em janeiro.

No entanto, Saab afirmou em um comunicado que ele havia "tentado entrar irregularmente [...] ocultando seu verdadeiro plano criminoso sob o pretexto de uma visita sentimental".

O policial está sendo investigado "por sua ligação a um grupo de pessoas que tentaram, a partir do nosso território e com o apoio de grupos da extrema direita internacional, executar uma série de ações desestabilizadoras e terroristas", afirmou.

Gallo também será acusado de "conspiração" e "associação para delinquir", informou o procurador.

O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Gerardo Werthein, respondeu em uma coletiva de imprensa em Buenos Aires que a declaração de Saab "manifesta uma série de ocorridos que são falsos" e que as ações do procurador são "absolutamente ilegítimas".

Werthein descreveu a acusação como "uma grande mentira", embora tenha ressaltado que o policial "deixou de ser um sequestrado de forma ilegal, com paradeiro desconhecido, para ser reconhecido pelo governo" e destacou o papel do Brasil no processo.

A ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, afirmou que Gallo "entrou na Venezuela de forma absolutamente legal e que o que não foi legal foi a forma como ele foi sequestrado na fronteira".

Por sua vez, a mãe do policial, Griselda Heredia, garantiu que seu filho "não fez nada ilegal" e disse que "é difícil para uma mãe que acusem-lhe de algo que se sabe que não é verdade".

"Não é nenhum terrorista"

Um tribunal federal da província argentina de Mendoza denunciou o "desaparecimento forçado" de Gallo e considerou que está habilitado como "jurisdição universal" para um possível processo contra a Venezuela por crimes contra a humanidade.

A família da esposa de Gallo, María Gómez, vive em Puerto La Cruz (leste da Venezuela). Gómez estava em seu país há sete meses por "razões pessoais" e disse a uma rádio argentina que ela e seus familiares estão "muito angustiados".

"Não é nenhum terrorista", disse por sua vez sua sogra, Yalitza García, à Voz de América na semana passada.

"Existe o itinerário de voo que não pôde ser cumprido no mês de agosto e esperamos que isso se resolva sem maiores contratempos", acrescentou.

"Nos sentimos culpados porque isso poderia ter sido evitado, mas nos deixamos levar pela emoção, pelo sentimento de nos reencontrarmos, de ver o seu bebê, de abraçar sua esposa e de aproveitar, passar umas férias felizes", completou.

Em seu comunicado desta sexta-feira, Saab questionou "as declarações e ações realizadas pelo governo argentino, utilizando os familiares do réu, assim como a resolução judicial tomada pela Câmara Federal de Mendoza".

"Fica clara a cumplicidade das autoridades dessa Nação nos planos subversivos que buscam atacar por qualquer meio o Estado venezuelano e suas instituições legítimas", concluiu.

A relação diplomática entre o presidente argentino, Javier Milei, e o chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, já era tensa, mas se rompeu de vez por decisão de Caracas quando o argentino não reconheceu a reeleição de Maduro em 28 de julho para um terceiro mandato consecutivo de seis anos.

Desde então, a embaixada argentina em Caracas está sob proteção do Brasil. Seis colaboradores da líder opositora venezuelana María Corina Machado acusados de "terrorismo" estão asilados nesta representação diplomática desde março.

Atualmente, cinco deles permanecem na missão. Um renunciou ao asilo e deixou a embaixada para se colocar à disposição das autoridades. Os outros aguardam um salvo-conduto para deixar o país.

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