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Policiais são detidos em Mianmar por violência contra rohingyas

Ao chegar a Bangladesh, refugiados descreveram atrocidades cometidas contra eles pelo exército

Rohingyas: até agora, o governo havia negado estas alegações (Olivia Harris/File Photo/Reuters)

Rohingyas: até agora, o governo havia negado estas alegações (Olivia Harris/File Photo/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de janeiro de 2017 às 13h53.

O governo birmanês anunciou nesta segunda-feira a detenção de vários policiais após a divulgação de um vídeo no qual as forças de ordem apareciam espancando membros da minoria rohingya.

Desde outubro, 50.000 muçulmanos rohingyas fugiram do país escapando de uma operação do exército birmanês lançada em resposta ao ataque de postos fronteiriços desta região por grupos de homens armados.

Ao chegar a Bangladesh, estes refugiados descreveram terríveis atrocidades cometidas contra eles pelo exército, de estupros coletivos a torturas e assassinatos.

Até agora, o governo havia negado estas alegações considerando que a situação estava "sob controle" e pedindo à comunidade internacional que parasse de alimentar "o fogo do ressentimento".

Pela primeira vez desde as primeiras denúncias, em outubro, o governo mudou seu discurso e se comprometeu a tomar medidas "contra a polícia, que teria espancado aldeões em operações de desminagem no dia 5 de novembro na aldeia de Kotankauk", segundo um comunicado do executivo divulgado pelos meios de comunicação oficiais.

"Os que foram identificados foram detidos", declararam os serviços de Aung San Suu Kyi, conselheira especial para o Estado e chefe de governo nos bastidores, em um comunicado.

O governo citou quatro oficiais, entre eles o autor do vídeo que mostra agentes pegando um jovem detido junto a dezenas de outras pessoas, sentadas no chão, com as mãos na cabeça.

Em seguida, três policiais aparecem espancando com um pau um dos homens no chão e dando tapas em seu rosto.

Dezenas de vídeos foram divulgados desde outubro nas redes sociais, mas o acesso à região é proibido aos meios de comunicação, especialmente internacionais, e às ONGs, razão pela qual as informações são dificilmente verificadas.

"Lamentavelmente, a cena não é única nem isolada", disse Matthew Smith, diretor-geral da Fortify Rights, uma ONG local.

"É importante que o governo tenha reconhecido o vídeo, mas é preciso ver o que acontecerá em seguida. A impunidade segue reinando no estado de Rakhine" (região a leste de Mianmar), lamentou.

Na semana passada, mais de uma dezena de premiados com o Nobel da Paz escreveram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para pedir uma intervenção e evitar esta "tragédia humana, limpeza étnica e crimes contra a humanidade".

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, classificou em dezembro a reação do governo birmanês de "contraproducente e insensível".

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