Recep Tayyp Erdogan, primeiro-ministro turco: supostas conversas telefônicas atribuídas ao primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, o mostram como um político autoritário e corrupto (Umit Bektas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de março de 2014 às 12h57.
Istambul - A polícia turca grampeou o telefone de mais de 500 mil pessoas nos dois últimos anos, com mais de um milhão de conversas gravadas, segundo números oficiais divulgados neste sábado pela agência "Anadolu".
O número total das escutas autorizadas pela Direção Geral de Segurança durante os anos 2012 e 2013 supera 1 milhão, o que inclui repetições e prorrogações, esclarece o escritório da citada agência.
O vice-primeiro-ministro turco, Bülent Arinç, qualificou hoje as escutas "em centenas de milhares de pessoas" como "um crime infame", informou a "Anadolu".
"Espero que os que realizaram essas escutas ilegais respondam perante a Justiça", disse Arinç.
Os dados oficiais de escutas são divulgados em meio a uma guerra midiática, na qual são divulgadas praticamente todas as semanas conversas telefônicas atribuídas ao primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, que o mostram como um político autoritário e corrupto.
Erdogan negou a autenticidade de algumas gravações, como na qual supostamente pede a seu filho para desfazer-se de grandes quantidades de dinheiro sujo; mas admitiu a de outras, nas quais tenta controlar os meios de comunicação ou pede que se sigam de perto alguns julgamentos.
O escândalo das gravações acrescentou tensão à campanha eleitoral para os pleitos municipais do próximo dia 30 de março.
Quando no final de fevereiro foi divulgado pela primeira vez que milhares de pessoas, entre elas Erdogan, tinham sido espionadas, o governo assegurou não ter tido notícia dessa operação e responsabilizou o Ministério Público pelas escutas.
O primeiro-ministro não duvidou em atribuir a divulgação das gravações aos seguidores do predicador islamita Fethullah Gülen, a quem acusa de tentar criar um Estado paralelo graças a sua influência na Judiciário e na polícia.