Mundo

Polícia investiga muçulmanos após incidente em Pequim

Polícia investigava militantes da região muçulmana de Xinjiang, após um carro ser atirado contra a multidão na Praça Tiananmen, em Pequim, matando cinco pessoas

Fumaça na Praça da Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim: autoridades enviaram mensagem aos hotéis da capital para indagar sobre "clientes suspeitos" (AFP)

Fumaça na Praça da Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim: autoridades enviaram mensagem aos hotéis da capital para indagar sobre "clientes suspeitos" (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2013 às 11h46.

Pequim - A polícia chinesa investigava nesta terça-feiramilitantes da região muçulmana de Xinjiang, um dia após um carro ser atirado contra uma multidão na Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial), em Pequim, matando cinco pessoas e ferindo outras 38.

As autoridades enviaram uma mensagem aos hotéis da capital na noite de segunda-feira para indagar sobre "clientes suspeitos" a partir do dia 1º de outubro, revelou o jornal Global Times.

Na mesma mensagem, o gabinete de Segurança Pública pede informações sobre "veículos suspeitos".

Na mensagem, a polícia não utiliza a palavra "atentado" e qualifica os fatos ocorridos na Praça Tiananmen de "um assunto maior ocorrido na segunda-feira".

A polícia identificou dois habitantes de distritos diferentes de Xinjiang e descreveu um veículo off-road de cor clara com placa de Xinjiang.

Segundo o jornal, a polícia segue a pista de dois uigures residentes em dois bairros distintos de Xinjiang, identificados pelos nomes de Yussuf Umarniaz e Yussuf Arputi.

Um dos suspeitos seria originário de Lukeqin, região na qual confrontos com a polícia registrados no final de junho deixaram dezenas de mortos.

Os uigures, muçulmanos de língua turca, compõem a etnia majoritária em Xinjiang.

Esta imensa região autônoma localizada no extremo norte da China é regularmente palco de distúrbios em razão das tensões entre os Han (etnia majoritária na China) e os uigures. As autoridades chinesas acusam invariavelmente de "terrorismo" os militantes uigures.


O professor Ilham Tohti, intelectual uigur, alertou para o risco de acusar sem provas ou de estigmatizar os uigures após os acontecimentos de segunda-feira em Tiananmen.

Nesta terça-feira, o acesso à praça - que fica em pleno centro de Pequim e onde Mao Tse-tung proclamou a República Popular da China em 1949 - foi reaberta após o incidente, que deflagrou uma grande operação das forças de segurança na área.

A calçada foi limpa e a circulação voltou ao normal.

"Vi um veículo dar um giro e bruscamente avançar sobre a calçada. Aconteceu em um instante", contou à AFP uma testemunha. "Foi realmente aterrorizante".

"Escutei uma explosão, vi chamas e depois a fumaça invadiu o local", completou a testemunha, sem revelar seu nome.

No incidente morreram o motorista e os dois passageiros do veículo, que pegou fogo. Também faleceram uma turista filipina e um turista chinês, segundo o site de notícias Qianlong.net, controlado pelo município de Pequim.

Entre os feridos também estão três turistas filipinos e um japonês, segundo o mesmo site.

Dois repórteres da AFP foram detidos e tiveram material confiscado quando tentavam se aproximar da praça, que simboliza o poder político na China. Pouco depois foram liberados e recuperaram o equipamento, mas as imagens que haviam registrado foram apagadas.

Milhares de pessoas morreram na repressão do movimento de 1989 nos arredores da Praça Tiananmen (Paz Celestial), quando o Partido Comunista enviou tanques do exército para acabar com sete semanas de manifestações, que foram chamadas pelo regime de "revolta contrarrevolucionária".

Desde então, a polícia está permanentemente mobilizada nesta imensa esplanada, onde também se encontram a entrada da Cidade Proibida, o mausoléu de Mao e o Palácio do Povo.

Hua Chunying, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, não quis entrar em detalhes sobre o caso, se limintado a dizer que a região de Xinjiang vivia um "bom desenvolvimento socio-econômico", apesar da "violência" e do "terrorismo".

*Atualizada às 12h46

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaMuçulmanosProtestosProtestos no mundo

Mais de Mundo

Israel se pronuncia sobre acordo de cessar-fogo com o Hezbollah

Presidente do Chile, Gabriel Boric é denunciado por assédio sexual; político nega: 'infundado'

Justiça de Hong Kong aprova direitos de casais do mesmo sexo a habitação e herança

Imigrantes buscam orientação à medida que posse de Trump se aproxima: 'Todos estão com medo'