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Polícia investiga célula por trás de atentado em Manchester

A hipótese de cúmplices do atentado motivou a decisão do governo de ativar o nível máximo de alerta terrorista, agora no grau "crítico"

Inglaterra: a Polícia anunciou a detenção de um quinto homem em Wigan (Andrew Yates/Reuters)

Inglaterra: a Polícia anunciou a detenção de um quinto homem em Wigan (Andrew Yates/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de maio de 2017 às 15h52.

A Polícia britânica deteve cinco pessoas vinculadas ao atentado de Manchester reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), e confirmou nesta quarta-feira que o autor fazia parte de uma célula terrorista.

"Está claro que estamos investigando uma célula", disse à imprensa o comandante da polícia de Manchester, Ian Hopkins, ao ser questionado se estavam procurando especificamente o homem que fabricou a bomba que matou 22 pessoas e deixou 59 feridos ao final de um show da cantora pop americana Ariana Grande.

No final da tarde, a Polícia anunciou a detenção de um quinto homem em Wigan, na periferia de Manchester, "em posse de um pacote" que os investigadores estavam analisando.

Quatro pessoas, todas detidas no sul da cidade, permaneciam detidas, inclusive um rapaz de 23 anos e um certo "Abel", um homem de origem líbia de 44 anos.

Este último "foi algemado e levado em um carro", relatou à AFP Omar Alfaqhuri, que mora em frente a uma casa onde pelo menos um suspeito foi detido.

Além disso, o pai e um irmão do suicida, identificado como Salman Abedi, foram presos na capital líbia, Trípoli, o primeiro nesta quarta e o segundo no dia anterior, afirmou à AFP uma autoridade da segurança líbia.

"O pai Ramadan Abedi acaba de ser preso", no dia seguinte à prisão de Hachem, irmão do suposto autor do atentado, indicou à AFP Ahmed Ben Salem, porta-voz da Força de Dissuasão, que exerce a função de polícia leal ao Governo de União Nacional (GNA).

De acordo com um parente, Salman Abedi estava na Líbia e viajou à Inglaterra quatro dias antes do atentado.

"Seu pai queria que ele ficasse na Líbia. Mas Salman insistiu em retornar a Manchester", declarou.

Aparentemente, Hachem Abedi estaria ciente dos planos do irmão.

O suicida tinha 22 anos, era filho de imigrantes líbios e nasceu em Manchester. De acordo com a imprensa britânica, ele teria viajado à Líbia e à Síria antes de retornar ao Reino Unido e cometer o atentado, uma informação que não foi confirmada pelas autoridades.

O ministro francês do Interior, Gerard Collomb, afirmou que, de acordo com informações procedentes dos investigadores britânicos, Abedi passou pela Líbia e "provavelmente" também pela Síria.

Segurança reforçada

A hipótese de cúmplices do atentado motivou a decisão do governo de ativar o nível máximo de alerta terrorista, agora no grau "crítico", o que significa que outro ataque é "iminente".

Em resposta ao aumento do nível de alerta, quase mil soldados foram mobilizados, segundo uma fonte do ministério da Defesa. Os militares chegaram de ônibus ao centro de Londres e seguiram para seus postos.

A Scotland Yard informou que os soldados permanecerão sob seu comando e integrados em sua estrutura para fornecer "proteção armada estática em locais-chave", que incluem o Palácio de Buckingham, Downing Street [residência da primeira-ministra], embaixadas e o Parlamento".

Um minuto de silêncio será observado em todo o país na quinta-feira.

Em frente à mesquita de Didsbury, frequentada pelo suicida, um encarregado, Fawzi Haffar, afirmou que "este ato odioso não tem espaço na religião", e apelou "a qualquer um que tenha informações que entre em contato com a Polícia".

O partido conservador da primeira-ministra Theresa May e a oposição trabalhista anunciaram a retomada na quinta-feira da campanha das eleições legislativas de 8 de junho, suspensas após o atentado.

'"Costurada, perfurada"

Ao mesmo tempo, as autoridades divulgaram mais nomes de vítimas. Crianças, adolescentes, pais que esperavam os filhos. Os rostos e as histórias dos mortos aumentam a consternação no país.

"Maldade pura" (The Sun), "Vidas jovens roubadas pelo terror" (The Guardian), "Orações pelos desaparecidos e os mortos" (Manchester Evening News): os jornais britânicos lamentam o ataque e publicam fotos das vítimas.

A Polícia anunciou ter concluído o processo de identificação de todas as vítimas e entrou em contato com as famílias.

Em quatro ou cinco dias, após a conclusão de todos os exames dos legistas, "poderemos comunicar formalmente os nomes" dos mortos, anunciou a Polícia em uma nota oficial.

Nick Lewis, pai de uma menina ferida, explicou que sua filha foi "costurada, perfurada, vendada" e, finalmente, recomposta pelos médicos. "Será um longo caminho, mas já demos o primeiro passo", explicou.

Dois meses antes do atentado de Manchester, um homem avançou com seu carro contra os pedestres que caminhavam perto do Parlamento britânico, em Londres, antes de matar um policial desarmado que vigiava o edifício.

O ataque deixou um total de cinco mortos.

O atentado de segunda-feira foi o mais violento no país desde 2005, quando homens-bomba atacaram o metrô e um ônibus de dois andares na capital inglesa, deixando 52 mortos e 700 feridos.

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