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Polícia espanhola denuncia clima de ódio na Catalunha

"Nunca teríamos imaginado esse ódio" é a frase mais dita por agentes designados para atuar contra o referendo, considerado ilegal pelo Tribunal da Espanha

O clima piorou depois da divulgação de imagens de algumas operações policiais realizadas por ordem judicial para apreender urnas e cédulas de votação (Albert Gea/Reuters)

O clima piorou depois da divulgação de imagens de algumas operações policiais realizadas por ordem judicial para apreender urnas e cédulas de votação (Albert Gea/Reuters)

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EFE

Publicado em 4 de outubro de 2017 às 08h19.

Última atualização em 4 de outubro de 2017 às 08h20.

Madri - Policiais e guardas civis espanhóis enviados para a região da Catalunha por ocasião do referendo separatista realizado no último domingo lamentam o clima de rejeição e animosidade que encontraram em parte da população.

"Nunca teríamos imaginado esse ódio" é a frase mais dita por agentes designados para atuar contra o referendo, considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional da Espanha. Eles estranharam, especialmente, a oposição popular inédita dos catalães e o "abandono" do governo nacional.

O clima piorou depois da divulgação de imagens de algumas operações policiais realizadas por ordem judicial para apreender urnas e cédulas de votação durante o referendo.

Um dos agentes ouvidos pela Agência Efe, que pediu para ser chamado de Javier (nome fictício), está há 25 anos na unidade antidistúrbios da Guarda Civil da Espanha. Hospedado em um barco no porto de Barcelona, ele define como uma "grande humilhação" o assédio que os agentes estão sofrendo.

"Em 25 anos, jamais tinha ocorrido algo assim", lamentou.

Suas opiniões não diferem muito das de Pedro (nome fictício), um guarda civil também das forças antidistúrbios. Para ele, que está na cidade de Lérida, a situação já é "insuportável". Alguns agentes pediram e foram autorizados a tomar medidas de autoproteção, como, por exemplo, sair para as ruas apenas em trios.

Ambos atuaram ao longo da carreira no País Basco, região do norte da Espanha que durante anos sofreu com o terrorismo do ETA e na qual houve vários assassinatos de membros das forças de segurança.

Os dois consideram a rejeição social na Catalunha pior do que a que sofreram no País Basco. Para eles, a situação é de intimidação contínua por parte da sociedade catalã como um todo. Participam desse ódio, segundo eles, pessoas de todas as idades.

"É como se um ódio acumulado tivesse surgido de repente", disse à Efe outro agente da Polícia Nacional, que revelou que, em todas as vezes que foi enviado à Catalunha, nunca teve problemas.

Vários hotéis e restaurantes da região autônoma já não atendem mais os agentes, locais onde eles antes eram bem recebidos. Muitos tiveram que esperar até a madrugada para entrar em seus hotéis sem serem insultados pela população local após o referendo de domingo.

"A única que nos resta é sair correndo. Já estamos sendo vaiados e xingados de tudo", contou Javier.

Uma reclamação especial dos guardas civis e dos membros da Polícia Nacional da Espanha é em relação à atitude dos agentes da Mossos d'Esquadra, a polícia regional da Catalunha, com quem sempre houve até então uma relação muito boa.

Entre os agentes ouvidos pela Efe ainda há um sentimento mais "triste": o de se sentirem "totalmente abandonados" pelo governo central da Espanha, alegando que foram utilizados como uma "ferramenta" ou uma "experiência" nas seções eleitorais.

"A Espanha nos abandonou", enfatizou um deles.

Além da falta de apoio, alguns se queixaram da incerteza de não saber quando voltarão para casa e por não poderem informar às famílias quando estarão novamente ao lado delas.

Os agentes que conversaram com a Efe defenderam sua postura durante o referendo, ressaltando que utilizaram a força o mínimo possível. "Foi só quando não tínhamos outra saída", disse um deles.

Guardas civis e policiais espanhóis concordam também que os cidadãos que se reuniram em torno das seções eleitorais foram muito "hostis".

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