Funcionários da prefeitura limpam a Wellington Street em frente ao Parlamento, após o fim da ocupação por manifestantes e caminhoneiros contrários a regras sanitárias para conter a pandemia de covid-19 (Andrej Ivanov/AFP)
AFP
Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 17h09.
Os últimos caminhões estavam sendo rebocados neste domingo(20) na capital do Canadá, calma pela primeira vez em três semanas depois que uma operação policial encerrou um longo protesto contra medidas anticovid.
Trabalhadores limpavam as ruas nevadas do centro de Ottawa, onde a tropa de choque entrou em confrontos com manifestantes por dois dias.
O último dos manifestantes ficou até tarde da noite no sábado, cantando hinos de protesto da década de 1980 e soltando fogos de artifício em frente a uma cerca de segurança de quatro metros de altura que foi erguida às pressas ao redor do Parlamento.
Mas o protesto transformado em festa de rua esfriou quando uma forte geada tomou conta da cidade.
Na manhã deste domingo, a polícia vigiava vários postos de controle que restringiam o acesso a uma grande área do centro de Ottawa, enquanto um forte destacamento de forças de segurança ocupava o terreno conquistado pelos caminhoneiros.
A polícia de Ottawa emitiu um lembrete para proibir o tráfego naquele perímetro, exceto para residentes e trabalhadores locais.
Duas pessoas foram presas durante a manhã, elevando o número de detidos para 191.
Segundo os agentes, até agora 57 veículos foram rebocados para fora da cidade, paralisada desde que centenas de caminhões, vans e outros veículos estacionaram lá em 29 de janeiro.
Pela primeira vez em semanas, os moradores de Ottawa não acordaram assustados com as buzinas incessantes, que se tornaram um marco dos protestos.
Após serem expulsos, muitos manifestantes disseram à AFP que continuariam lutando por sua causa.
Embora as medidas de saúde no Canadá tenham sido flexibilizadas com a diminuição do número de casos de covid-19, os manifestantes prometeram pressionar pelo levantamento completo das restrições, que estão entre as mais rígidas do mundo.
Enquanto isso, o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau enfrenta um processo de uma associação de liberdades civis e críticas de rivais políticos pela decisão de invocar poderes de emergência raramente usados para reprimir protestos.
As pesquisas mostram que os canadenses, que antes eram bastante simpáticos ao movimento liderado pelos caminhoneiros, agora o rejeitam.
O chamado “Comboio da Liberdade” começou há um mês contra a obrigatoriedade de se vacinar para cruzar a fronteira com os Estados Unidos. Com o passar dos dias, ganhou adeptos e inspirou protestos semelhantes em outros países.
Pelo menos três líderes dos protestos foram detidos e 32 milhões de dólares canadenses em doações e contas bancárias vinculadas ao movimento foram congelados.