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Polícia dos EUA atira em homem negro na frente dos filhos

A ação desencadeou protestos durante a noite, que foram reprimidos pela polícia

EUA: um homem negro foi baleado pela polícia em Kenosha, no estado americano do Wisconsin, no último domingo (Twitter/Reprodução)

EUA: um homem negro foi baleado pela polícia em Kenosha, no estado americano do Wisconsin, no último domingo (Twitter/Reprodução)

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AFP

Publicado em 24 de agosto de 2020 às 22h08.

Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 22h13.

Um policial atirou nas costas de um homem negro em uma cidade do norte dos Estados Unidos, reacendendo os protestos contra o racismo e a violência policial que abalaram o país nos últimos meses. 

Dois policiais foram suspensos e uma investigação foi aberta nesta segunda-feira (24) depois que Jacob Blake, de 29 anos, foi gravemente ferido nas costas em Kenosha, Wisconsin, desencadeando distúrbios e a imposição de um toque de recolher.

A vítima passou por uma cirurgia de emergência e foi hospitalizada em uma unidade de terapia intensiva na cidade de Milwaukee, cerca de 40 quilômetros ao norte de onde ocorreram os fatos na tarde de domingo.

O incidente, ocorrido três meses depois de o afro-americano George Floyd ser sufocado por um policial branco em Minneapolis, no estado vizinho de Minnesota, foi fortemente condenado pelo candidato democrata à presidência Joe Biden.

O Departamento de Justiça de Wisconsin informou que sua divisão de investigação criminal apurava o caso. "Os policiais envolvidos receberam uma suspensão administrativa", disse ele em nota.

Um vídeo do incidente gravado com um celular mostra que o homem negro é seguido por dois policiais armados enquanto se dirige a um veículo cinza. Quando ele abre a porta e tenta sentar no banco do motorista, um dos policiais o agarra pela camisa e atira várias vezes em suas costas.

As autoridades não informaram se o outro policial também atirou.

Ben Crump, advogado dos direitos civis que representa a família de Floyd e assumiu a defesa de Blake, disse que os três filhos da vítima estavam no carro e que o homem estava apenas tentando "acalmar" um incidente doméstico.

"Quando ele foi ver como seus filhos estavam, a polícia atirou nele várias vezes nas costas à queima-roupa", disse em comunicado.

"Eles ficarão traumatizados para sempre. Não podemos permitir que os policiais violem seu dever de nos PROTEGER. Nossos filhos merecem coisa melhor!" tuitou mais cedo.

"Basta"

A polícia informou que os disparos foram registrados durante o atendimento de um incidente doméstico por volta das 17h11 (locais) de domingo. 

"E esta manhã, a nação acorda mais uma vez com dor e indignação por outro americano negro vítima da força excessiva", disse Biden, adversário de Donald Trump na eleição de 3 de novembro.

A palavra "Basta" em um fundo preto acompanha a mensagem do ex-vice-presidente Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Foto que seria de Jacob Blake com seus filhos, segundo a imprensa local e o advogado de direitos civis Ben Crump Foto que seria de Jacob Blake com seus filhos, segundo a imprensa local e o advogado de direitos civis Ben Crump

Foto que seria de Jacob Blake com seus filhos, segundo a imprensa local e o advogado de direitos civis Ben Crump
Foto que seria de Jacob Blake com seus filhos, segundo a imprensa local e o advogado de direitos civis Ben Crump (Twitter/Reprodução)

O governador de Wisconsin, o democrata Tony Evers, instou o Legislativo estadual, controlado pelos republicanos, a debater um pacote de projetos de lei relacionado à polícia que apresentou no início deste ano.

Protestos após a morte de Jacob Blake

Protestos após a morte de Jacob Blake (Brandon Bell)

"Devemos começar a longa, mas importante jornada para garantir que nosso Estado e nosso país comecem a cumprir nossas promessas de igualdade e justiça", disse ele em uma mensagem de vídeo. 

Em Kenosha, houve manifestações e confrontos com a tropa de choque na noite de domingo, de acordo com imagens divulgadas pelo Milwaukee Journal Sentinel. Após o início de incêndios, as autoridades locais declararam toque de recolher.

A poderosa American Civil Liberties Union (ACLU) denunciou o que aconteceu a Blake como "mais um ato nojento de brutalidade policial".

"O fato de que uma violência policial como essa - os assassinatos de Breonna Taylor, George Floyd, Eric Garner e muitos outros - tenha se tornado algo comum mostra que a própria instituição policial americana está podre em sua essência", observou a ACLU no Twitter.

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