Monarquia tailandesa: o embaixador dos EUA afirmou que "ninguém deveria ser preso por expressar de maneira pacífica seu ponto de vista" (Chaiwat Subprasom / Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 08h22.
Bangcoc - A Polícia da Tailândia está investigando o embaixador dos Estados Unidos em Bangcoc, Glyn Davies, após uma denúncia que o acusa de fazer críticas à monarquia do país, descumprindo assim uma severa lei que protege a família real, confirmaram à Agência Efe nesta quarta-feira as autoridades locais.
A acusação foi baseada em um comentário do diplomata realizado em novembro no Clube de Correspondentes Estrangeiros da Tailândia, situado em Bangcoc, onde Davies expressou sua preocupação pelo aumento de casos incluídos no crime de críticas à monarquia.
A porta-voz da Polícia, Kissana Phathanchareon, disse à Efe que as autoridades pediram ao clube a gravação do discurso do embaixador americano para analisar as declarações.
"Por enquanto é preciso esperar e estudar como procederemos", afirmou.
O presidente do clube de jornalistas, o correspondente da "BBC" Jonathan Head, afirmou no Twitter que as autoridades solicitaram a cooperação da associação.
Na semana passada, ele tinha publicado um vídeo no YouTube com a participação de Davies no fórum.
O embaixador dos EUA afirmou na reunião que "ninguém deveria ser preso por expressar de maneira pacífica seu ponto de vista".
No fim de novembro, cerca de 200 pessoas, lideradas por um grupo pró-monarquia, protestaram em frente à embaixada americana em Bangcoc pelos comentários de Davies.
O artigo 112 do Código Penal da Tailândia prevê até 15 anos de prisão para quem fizer críticas à monarquia, incluindo "insultos, difamações ou ameaças contra o rei, a rainha, o príncipe herdeiro e o regente". Não há possibilidade de fiança.
As denúncias por esse tipo de crime tinham aumentado nos últimos anos, mas dispararam depois do golpe de Estado promovido pelo Exército no dia 22 de maio de 2014.
A acusação contra o embaixador foi apresentada no último dia 3 de dezembro à Divisão para Supressão do Crime por Sonthaiya Sawasdee, que segundo a imprensa local pertence a uma associação de defensores da Casa Real da Tailândia.
Qualquer pessoa pode apresentar uma queixa sobre o crime de críticas à monarquia, algo que a Polícia é obrigada a investigar.