Mundo

Polícia britânica tenta determinar como veneno Novitchok atacou outra vez

Duas vítimas foram encontradas em Amesbury, cidade situada a 12 quilômetros de Salisbury, onde o ex-espião e sua filha foram envenenados em março

Envenenamento: casal foi exposto ao Novitchok, agente neurotóxico de concepção soviética (Henry Nicholls/Reuters)

Envenenamento: casal foi exposto ao Novitchok, agente neurotóxico de concepção soviética (Henry Nicholls/Reuters)

A

AFP

Publicado em 5 de julho de 2018 às 16h44.

Confirmada a substância que deixou dois britânicos em estado crítico, a Polícia quer agora determinar como eles foram expostos ao Novitchok. Esse agente neurotóxico é o mesmo que envenenou há quatro meses o ex-espião russo Sergueï Skripal e sua filha, Yulia.

As duas vítimas, Charlie Rowley e Dawn Sturgess, foram encontradas no sábado em Amesbury, cidade situada na região sudoeste da Inglaterra e que fica a 12 quilômetros de Salisbury, onde o ex-espião e sua filha foram envenenados em março.

"A prioridade dos investigadores é determinar como essas duas pessoas tiveram contato com o agente neurotóxico", relatou o chefe do contra-terrorismo britânico Neil Basu.

Basu afirma que "nada indica que o homem ou a mulher compareceram aos locais descontaminados após a tentativa de assassinato dos Skripal". Não há "nenhuma prova" sugerindo que o homem de 45 anos e a mulher de 44 anos, "eram alvos de um ataque".

A polícia havia inicialmente suspeitado de um incidente ligado ao consumo de drogas, mas o chefe do contra-terrorismo anunciou na quarta-feira (4) que o casal havia sido exposto ao Novitchok.

O laboratório da Defesa da cidade vizinha de Porton Down confirmou o uso desse agente neurotóxico de concepção soviética, também detectado no caso do ex-espião russo Sergueï Skripal e sua filha, Yulia Skripal.

"É função dos cientistas determinar se o agente neurotóxico é proveniente do mesmo lote", afirmou Basu. A polícia ainda não pode estabelecer o mecanismo de transmissão do veneno.

As duas vítimas permanecem em estado crítico no hospital de Salisbury, o mesmo em que os Skripal passaram por tratamento intenso até serem liberados.

Tanto Reino Unido quanto Rússia pedem que a investigação seja intensa. A primeira ministra britânica Theresa May assegurou que a polícia iria fazer de tudo para esclarecer esse novo caso de envenenamento de Novitchok em seu país.

"Ver que duas novas pessoas foram expostas ao Novitchok no Reino Unido é extremamente inquietante e eu sei que a polícia vai fazer de tudo para determinar o que aconteceu", declarou a ministra durante uma visita a Berlim nesta quinta-feira (5).

Suspeito de ser responsável pela tentativa de assassinato dos Skripal, Moscou intimou o governo britânico a "parar com as intrigas" e pede que seja feita uma "investigação em comum".

"O governo de Theresa May e seus representantes terão que se desculpar por tudo o que fizeram perante tanto à Rússia quanto à comunidade internacional", frisou a porta voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.

Zakharova solicitou às "forças de ordem britânicas a não ceder aos jogos políticos sujos iniciados por certas forças em Londres e enfim cooperar com as forças de ordem russas nessa investigação".

Nesta quinta-feira (5), o Kremlin negou qualquer envolvimento com o caso. "Nenhuma prova convincente implicando a Rússia não foi apresentada pela parte britânica", declarou o porta voz do governo Dmitri Peskov.

Em março, o envenenamento de Skripal e sua filha suscitou uma profunda crise diplomática entre Moscou e Londres. O Reino Unido haviam acusado a Rússia de ter usado em solo britânico agente neurotóxico de concepção soviética Novitchok.

Essa crise resultou na mais importante onda de expulsões cruzadas de diplomatas da História entre russos e ocidentais.

Acompanhe tudo sobre:EspionagemReino UnidoRússia

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA