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Polêmico, Kirchner se manteve líder após deixar presidência

Ex-presidente era considerado o principal apoio da eleição de sua mulher para o cargo e se tornou secretário-geral da Unasul

Néstor Kirchner se manteve como líder da América Latina mesmo após deixas a presidência da Argentina (Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Néstor Kirchner se manteve como líder da América Latina mesmo após deixas a presidência da Argentina (Ricardo Stuckert/Presidência da República)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2010 às 13h54.

Buenos Aires - O ex-presidente Néstor Kirchner, um dos políticos mais polêmicos da Argentina, conseguiu se manter na alta esfera de poder mesmo após abandonar o cargo, primeiramente atuando como deputado e confirmando sua liderança no Partido Justicialista (PJ) e, mais recentemente, assumindo a função de secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

A morte de Kirchner, que tinha 60 anos e era um político combativo e controvertido, deixa um vazio na política argentina que será muito difícil de preencher.

Desde os primeiros anos de sua carreira política, em Río Gallegos, no sul do país, Kirchner soube galgar posições até chegar à Presidência (2003-2007), e não se acanhou em se tornar deputado no ano passado, enquanto se afirmava na direção do peronismo.

Apesar das insistentes recomendações médicas para que reduzisse o nível de tensão após as duas intervenções coronárias às quais foi submetido nos últimos meses, Kirchner mantinha um intenso ritmo de vida e sempre negava os rumores sobre seu precário estado de saúde.

O ex-chefe de Estado será lembrado como o primeiro presidente que cumpriu seu mandato depois da crise de 2001, e o político que soube fazer alianças para tirar o PJ do buraco após anos de fortes disputas internas.

Seus esforços, no entanto, não foram suficientes e as alianças começaram a se dissolver no final de 2008, quando ficou evidente o desgaste do Governo de sua esposa e sucessora, Cristina Fernández.

O confronto com as patronais agropecuárias, descontentes com o intervencionismo do Fisco, desencadeou o golpe eleitoral que Cristina sofreu nas legislativas de 2009, nas quais o candidato do chamado peronismo dissidente, o empresário Francisco de Narváez, saiu vitorioso.

Mesmo assim, Kirchner, que em maio havia sido nomeado secretário-geral da Unasul, não se abalou, nem tampouco diminuiu suas expectativas de concorrer novamente pela faixa presidencial nas eleições de 2011.

O ex-presidente, que junto com sua esposa militou na ala juvenil do peronismo dos anos 1970, abraçou a bandeira nacionalista em sua batalha pela manutenção do poder e tinha um discurso contrário ao "nefasto modelo neoliberal".

Criticado por antigos companheiros, acusado de corrupção pela oposição e questionado por seus métodos pouco ortodoxos, Kirchner teve a morte lamentada até por seus detratores e deixa um vazio difícil de preencher na política argentina contemporânea que muda radicalmente o panorama eleitoral para 2011.

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