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Pobreza preocupa mais que aborto, dizem católicos dos EUA

Religiosos acham que a Igreja deveria se preocupar mais com a justiça social e a ajuda aos pobres


	Ainda segundo a pesquisa, o grupo que mais cresce na paisagem religiosa dos Estados Unidos é o das pessoas sem religião
 (Wikimedia Commons)

Ainda segundo a pesquisa, o grupo que mais cresce na paisagem religiosa dos Estados Unidos é o das pessoas sem religião (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2012 às 22h51.

Chicago - A maioria dos católicos dos Estados Unidos acha que a Igreja deveria se preocupar mais com a justiça social e a ajuda aos pobres, mesmo que isso signifique menos foco em questões como o aborto, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisas da Religião Pública.

As conclusões da Pesquisa Valores Americanos 2012 relativa aos católicos contraria o foco de muitos bispos norte-americanos, que em suas declarações públicas costumam salientar a proibição da Igreja ao aborto e à contracepção artificial.

A pesquisa mostrou que 60 por cento dos católicos desejam uma maior atenção a questões de justiça social em vez do aborto, ao passo que 31 por cento têm opinião oposta.

A divisão valia inclusive entre católicos que vão à igreja uma vez por semana ou mais, grupo que é considerado mais conservador em questões sociais. Uma ligeira maioria nesse grupo, 51 por cento, considera que a Igreja precisa priorizar as questões de justiça social.

"A pesquisa confirma que não existe o tal ‘voto católico'", disse Robert P. Jones, executivo-chefe do instituto e coautor do relatório. Mais de 3.000 pessoas foram entrevistadas na pesquisa.

"Há várias divisões críticas entre os católicos, inclusive uma divisão importante entre os católicos da ‘justiça social' e os do ‘direito à vida'", afirmou Jones.

A Igreja Católica se opõe ao casamento homossexual, ao aborto e à contracepção. Os bispos dos Estados Unidos se opõem especificamente a uma regra federal de 2010 que obriga hospitais, universidades e outras instituições a oferecerem planos de saúde que cubram o controle artificial de natalidade, contrariando os ensinamentos católicos.

A pesquisa também mostrou que, entre os católicos mais praticantes, 57 por cento apoiam a pena de prisão perpétua sem direito a sursis, em vez da pena de morte. Isso valia também entre os católicos conservadores, por uma margem de 51 x 44 por cento.

"A Igreja claramente tem tido um real impacto nas atitudes dos católicos com relação à pena de morte, especialmente entre os católicos conservadores", disse E.J. Dionne, pesquisador do Instituto Brookings e coautor do relatório, em entrevista coletiva nesta segunda-feira.

Ele observou que os católicos que são mais conservadores na questão do aborto tendem a ser mais "liberais" quanto à pena de morte (ou seja, se opõem a ela).


Ainda segundo a pesquisa, o grupo que mais cresce na paisagem religiosa dos Estados Unidos é o das pessoas sem religião, um quinto da população, mais do que o dobro do que em 1990.

Pessoas sem religião, católicos hispânicos, não-cristãos e protestantes negros são os grupos que mais apoiam a candidatura do presidente Barack Obama à reeleição.

Entre os eleitores do republicano Mitt Romney, quase 80 por cento se declararam brancos e cristãos (incluindo evangélicos, protestantes tradicionais e católicos).

A pesquisa foi feita entre 13 e 20 de setembro, antes dos debates presidenciais, e envolveu 3.003 entrevistados, com margem de erro de 2 pontos percentuais.

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