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Plano de paz de Trump para a Ucrânia deve ser apresentado na semana que vem, afirma Bloomberg

Proposta deve defender o congelamento dos combates, dar garantias de segurança a Kiev e deixar no 'limbo' territórios ocupados pela Rússia

Plano de paz: Trump quer congelamento dos combates e negociação territorial (Genya SAVILOV /AFP)

Plano de paz: Trump quer congelamento dos combates e negociação territorial (Genya SAVILOV /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 18h17.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 18h24.

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O governo do presidente dos EUA Donald Trump deve apresentar, na próxima semana, um plano para a guerra na Ucrânia, que está prestes a completar três anos. Um cessar-fogo duradouro é uma promessa de campanha do republicano, que já afirmou ser capaz de encerrar o conflito em 24 horas e alega manter contato com representantes de Kiev e Moscou.

Segundo a Bloomberg, a proposta será revelada durante a Conferência de Segurança de Munique, entre os dias 14 e 16, pelo enviado especial dos EUA para a Ucrânia, Keith Kellogg. Em publicação no X, na segunda-feira, ele disse estar “ansioso para falar sobre a meta de Donald Trump de acabar com a sangrenta e custosa guerra na Ucrânia” e que se reunirá com aliados.

Não foram divulgados detalhes sobre como ocorrerão as discussões ou o que exatamente Kellogg apresentará em Munique. Segundo informações da equipe de Trump que circulam há semanas, o ponto central será a ideia de “paz através da força”, ou seja, pressionar russos e ucranianos ao engajamento diplomático.

Congelamento dos combates e garantias de segurança

A proposta americana deve incluir:

  • Congelamento dos combates, similar ao acordo de 2014 no leste ucraniano;
  • Colocação dos territórios ocupados pela Rússia em uma espécie de limbo;
  • Garantias de segurança para Kiev, para evitar uma nova invasão russa.

Uma versão inicial do plano, revelada em dezembro pela Reuters, defendia que as áreas ocupadas por Moscou — cerca de 20% da Ucrânia — permanecessem sob controle russo e que os ucranianos desistissem da adesão à Otan.

Reações de Kiev, Moscou e aliados

Mesmo antes da posse de Trump, representantes da Casa Branca têm mantido diálogo com Moscou e Kiev, embora sem revelar detalhes. Nesta quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os contatos se intensificaram.

Na véspera, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou estar pronto para conversar com o líder russo, Vladimir Putin, caso isso traga paz à Ucrânia:

“Não serei gentil com ele, o considero um inimigo. Para ser honesto, acho que ele me considera um inimigo também”, disse Zelensky ao jornalista Piers Morgan.

Para Peskov, a disposição do presidente ucraniano precisa “ser baseada em fatos” e, por enquanto, “não passa de palavras vazias”.

Quase três anos após a invasão que causou dezenas de milhares de mortes e a maior crise de refugiados do século XXI, Zelensky se vê com menos opções para resistir à ofensiva russa. A chegada de Trump à Casa Branca coloca em xeque os envios bilionários de armas e dinheiro iniciados por Joe Biden e aliados em 2022. Enquanto isso, o poder de ataque russo, apoiado por Irã e Coreia do Norte, impõe derrotas críticas no leste da Ucrânia.

Neste cenário, o próprio tom do líder ucraniano, que antes descartava ceder territórios, começou a mudar. Além de considerar um diálogo com Putin, Zelensky pode aceitar novas condições da Casa Branca.

Trump sugere que Ucrânia pague ajuda militar com riquezas minerais

Além do congelamento do conflito, Trump sugeriu que a Ucrânia pague pela ajuda militar com suas riquezas minerais, citando reservas de terras raras, usadas na indústria de tecnologia, e o lítio, essencial para a fabricação de baterias. Na terça-feira, Zelensky afirmou que a proposta veio de Kiev e classificou a ideia como “investimento externo”. Uma delegação dos EUA deve visitar a Ucrânia em breve para discutir o tema.

A proposta foi criticada pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, e também gerou desconforto no Kremlin, já que muitas reservas de terras raras estão em territórios ocupados pelos russos.

“Se chamarmos as coisas como elas são, esta é uma proposta para comprar ajuda. Em outras palavras, para fornecê-la em uma base comercial”, afirmou Peskov, segundo a agência Tass.

Troca de prisioneiros e soldados norte-coreanos capturados

Nesta quarta-feira, russos e ucranianos confirmaram a troca de 300 prisioneiros de guerra — 150 de cada lado — que já estão retornando a seus respectivos países.

Além disso, a presença de soldados norte-coreanos na guerra chamou a atenção da diplomacia. Em entrevista ao Korea Times, o embaixador da Ucrânia na Coreia do Sul, Dmytro Ponomarenko, afirmou estar aberto a dialogar sobre o destino dos militares norte-coreanos capturados que não quiserem retornar ao seu país.

“Dada a ameaça à vida e à liberdade dos militares norte-coreanos no caso de sua repatriação, estamos abertos para um diálogo com parceiros internacionais sobre sua transferência para terceiros países”, disse Ponomarenko.

Estima-se que 10 mil militares norte-coreanos tenham sido enviados à Rússia, mas nem Pyongyang nem Moscou confirmam oficialmente sua participação nos combates. Segundo Seul, esses soldados não atuam mais em missões de combate desde janeiro.

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