Imigração: para ter acesso ao Daca, jovens imigrantes ilegais tiveram que demonstrar que tinham chegado aos EUA antes dos 16 anos (Jorge Duenes/Reuters)
EFE
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 16h10.
Washington - O plano Daca (Ação Diferida para Chegadas na Infância) completa seis anos nesta quarta-feira, e o Congresso dos Estados Unidos ainda não encontrou uma solução permanente para os milhares de jovens imigrantes ilegais que chegaram aos Estados Unidos quando crianças e são protegidos por esse programa, conhecidos como "dreamers" (sonhadores).
Já são seis anos desde que o Serviço de Cidadania e Imigração (USCIS) começou a aceitar as solicitações para o programa, que foi proclamado no dia 15 de junho por Barack Obama, presidente à época.
Obama sancionou o plano diante da impossibilidade de aprovar uma reforma migratória no Congresso, onde os democratas tiveram maioria até 2010, quando perderam o domínio da Câmara dos Representantes.
O Congresso planejou, pela primeira vez, a situação dos "sonhadores" em 2001 com o "Dream Act" e, em 2013, esteve perto de regularizar a situação mediante uma reforma migratória, que acabou bloqueada pelos republicanos. A medida teria beneficiado boa parte dos 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem no país.
Para ter acesso ao Daca, os jovens imigrantes ilegais tiveram que demonstrar que tinham chegado aos EUA antes dos 16 anos, que não tinham antecedentes penais e que cursavam o ensino médio ou estavam na universidade.
Os inscritos no plano puderam frear a deportação, obter licença de trabalho e em muitos estados a habilitação para dirigir, benefícios que deveriam ser renovados a cada dois anos.
Em 2014, Obama tentou ampliar o alcance do Daca para beneficiar mais "sonhadores", mas um grupo de estados republicanos recorreram à justiça e conseguiram anular a ampliação do programa, assim como outro plano, chamado Dapa, que buscava conter a deportação dos pais dos jovens imigrantes ilegais.
Com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no poder, o programa Daca sofreu vários revezes e teve reduzido o número de beneficiados, que um dia foi superior a 800 mil e atualmente se situa em 703.890, segundo dados de 31 de julho do Serviço de Cidadania e Imigração.
Em setembro do ano passado, Trump anunciou que o Daca deveria expirar em 5 de março se o Congresso não chegasse a um acordo sobre a imigração.
O Parlamento, de maioria republicana, não chegou a nenhum acordo, mas o Daca não chegou a expirar porque dois juízes, um de Nova York e outro da Califórnia, obrigaram o governo a manter o programa vivo e a seguir aceitando solicitações para renovar os benefícios.