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PIB dos EUA encolhe 0,3% no 1º trimestre no início do governo Trump

Dado foi revelado pelo governo americano nesta quarta-feira, 30

Donald Trump, presidente dos EUA (Jim Watson/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA (Jim Watson/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 30 de abril de 2025 às 09h34.

Última atualização em 30 de abril de 2025 às 11h20.

O produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos teve retração de 0,3% no primeiro trimestre de 2025, na taxa anualizada, segundo o Escritório de Análises Econômicas (BEA), órgão do governo americano. É uma queda forte em relação ao final de 2024, quando o país havia crescido 2,4%.

Este foi o primeiro dado do PIB que inclui o segundo mandato do presidente Donald Trump, iniciado em 20 de janeiro. A queda foi maior do que a esperado. Analistas de mercado esperavam avanço de 0,4%, segundo o Wall Street Journal.

Em 2024, o país cresceu 2,8%. A taxa, no entanto, vinha em desaceleração. No quatro trimestre do ano passado, o crescimento do PIB havia sido de 2,4% na taxa anualizada, ante 3,1% no terceiro trimestre.

Esta é a maior queda do PIB americano desde o primeiro trimestre de 2022, quando o país ainda lidava com a crise gerada pela pandemia.

Razões para a queda do PIB

"A queda no PIB real no primeiro trimestre reflete principalmente um aumento nas importações, que são uma subtração no cálculo do PIB, e uma queda nos gastos no governo", diz o BEA, em comunicado.

Logo após tomar posse, Trump anunciou uma série de tarifas e medidas contra parceiros comerciais, o que gerou um cenário de incerteza no país. As primeiras medidas foram anunciadas pouco depois da posse, contra Canadá e México. Isso levou empresas a acelerarem importações, como forma de tentar se proteger sobre tarifas futuras.

Ao mesmo tempo, indicadores apontam que os consumidores estão menos confiantes para comprarem, dado o cenário incerto.

O maior pacote de tarifas foi anunciado em 2 de abril, data já no segundo trimestre do ano. Quase todos os países foram taxados, com uma tarifa mínima de 10%. Taxas extras, com exceção da China, foram adiadas até julho. Há ainda cobranças extras sobre carros importados, aço, alumínio e outros itens.

O vaivém das tarifas gerou tensão no mercado, e as bolsas americanas tiveram quedas históricas nos últimos meses.

O presidente defende que as tarifas atrairão mais indústrias aos Estados Unidos e trarão benefícios a longo prazo, embora ele reconheça que a medida poderá gerar problemas na economia durante o que ele chamou de "período de transição".

Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), as tarifas impostas por Trump vão frear o crescimento. No começo de abril, a entidade baixou a perspectiva de expansão do PIB dos EUA para 2025 de 2,7% para 1,8%.

O crescimento do PIB é um dos parâmetros usados pelo Fed (banco central americano) para definir as taxas de juros. Um maior esfriamento tende a estimular a entidade a baixar as taxas, hoje na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano.

Além das tarifas, houve um incêndio de grandes proporções na Califórnia em janeiro. O BEA disse não ser possível precisar os efeitos da tragédia para o PIB nacional, mas apontou que houve ao menos US$ 34 bilhões em perdas de propriedades privadas.

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