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Philomena verdadeira pede mudança em leis de adoção

Mulher irlandesa que inspirou o filme indicado para o Oscar lançou uma campanha em favor do acesso aos registros de adoções na Irlanda

Ator Steve Coogan, do filme Philomena, chega com Philomena Lee, que inspirou o filme, na 25ª cerimônia do Guild of America Awards  (Fred Prouser/Reuters)

Ator Steve Coogan, do filme Philomena, chega com Philomena Lee, que inspirou o filme, na 25ª cerimônia do Guild of America Awards (Fred Prouser/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2014 às 19h49.

Dublin - A mulher irlandesa de 80 anos que inspirou o filme "Philomena", indicado para o Oscar, lançou nesta sexta-feira uma campanha em favor do acesso aos registros de adoções na Irlanda, na esperança de que sua história revele a situação de dezenas de milhares de pessoas.

O filme sobre a busca de 50 anos de Philomena Lee pelo filho que foi forçada a entregar para adoção quando era adolescente ganhou a admiração de fãs de cinema em todo o mundo e foi indicado na semana passada para disputar o Oscar em quatro categorias, incluindo a de atriz, para Judi Dench, que interpreta Philomena.

Ao lançar o "Projeto Philomena", ela pediu ao governo da Irlanda que adote uma lei para divulgação de mais de 60.000 arquivos retidos pelo Estado, agências privadas de adoção e a Igreja Católica, os quais são a única fonte para muitas pessoas adotadas saberem sua origem.

Como muitas mulheres solteiras na Irlanda nos anos 1950, Philomena foi forçada a trabalhar na lavanderia de um convento enquanto seu filho foi entregue para adoção. Ela disse que o acesso aos registros teria propiciado um resultado diferente para sua história.

"Teria significado muita coisa para mim. Eu o teria encontrado. Ele morreu pensando que eu o abandonei e nunca ficou sabendo que eu estive verdadeiramente procurando por ele enquanto ele me procurava", afirmou Philomena, que não conseguiu localizar o filho antes de ele morrer.


"Acho que muitas pessoas da minha idade relutam muito em se apresentar. Eu as aconselharia sinceramente a vir contar suas histórias porque muitos de seus bebês estão procurando por elas e eles (o governo) não lhes revelarão sua origem."

Um estudo divulgado no ano passado sobre a notória Magdalene Laundries, onde mulheres e meninas eram submetidas a um regime intransigente de dura disciplina e trabalho não remunerado jogou luz sobre um capítulo sombrio do passado da Irlanda, que o primeiro-ministro Enda Kenny descreveu como "uma vergonha nacional".

As conclusões do relatório se seguiram a investigações sobre abuso sexual por parte de padres e o encobertamento com o apoio do Estado que abalaram a autoridade da Igreja na Irlanda e afetaram a reputação da Igreja Católica no mundo todo.

O governo diz que está preparando uma lei para tratar do rastreamento de informações sobre adoção. Mas a Aliança dos Direitos de Adoção acusou ministros de simplesmente fazer demagogia, já que uma decisão da Suprema Corte em 1998 ainda iria impedir às pessoas adotadas o direito de saber sua origem.

A Aliança dos Direitos de Adoção, que vai trabalhar com o Projeto Philomena, disse que mudanças suficientes deixariam a Irlanda em compasso com a província britânica da Irlanda do Norte, que está sob a lei britânica, onde as pessoas adotadas têm acesso aos arquivos sobre sua história.

"É um imperativo moral do governo agir, e agir logo, antes que muitas mães morram. Ao tentar proteger os direitos dessas mães, eles estão na realidade ignorando totalmente os direitos humanos das pessoas adotadas", disse a cofundadora do grupo Susan Lohan.

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