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Petraeus, o general que arruinou sua carreira por um 'caso'

David Petraeus renunciou a liderança da CIA, prontamente aceita pelo presidente Barack Obama, depois que relação extraconjugal veio à tona


	Ex-chefe da CIA, David H. Petraeus, quando ainda era comandante-geral da OTAN
 (REUTERS World)

Ex-chefe da CIA, David H. Petraeus, quando ainda era comandante-geral da OTAN (REUTERS World)

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Da Redação

Publicado em 10 de novembro de 2012 às 09h41.

Washington - David Petraeus, um militar do mais alto perfil, com amplo conhecimento sobre o Iraque e o Afeganistão, jogou por terra sua brilhante carreira ao renunciar a seu posto à frente da CIA devido a uma relação extraconjugal.

'Após estar casado por mais de 37 anos, demonstrei um critério extremamente pobre ao ter uma aventura extraconjugal. Um comportamento inaceitável como marido e como líder de uma organização como a nossa', disse.

Com essas palavras, em um breve e inesperado comunicado, Petraeus anunciava sua renúncia, aceita imediatamente pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que reconheceu, no entanto, o 'extraordinário serviço' prestado à nação.

O general de quatro estrelas já retirado das Forças Armadas assumiu seu cargo à frente da CIA em setembro de 2011, em substituição ao atual secretário de Defesa, Leon Panetta.

Petraeus foi o artífice da estratégia no Iraque que contribuiu para a queda dos índices de violência no país árabe depois que o então presidente George W. Bush (2001-2009) o nomeou o principal responsável militar americano da força multinacional em janeiro de 2007, cargo que ocupou até setembro de 2008.

Sua chefia foi marcada pelo aumento do número de militares americanos e pela criação dos Conselhos de Salvação, milícias tribais sunitas que colaboram com as tropas estrangeiras e iraquianas em sua luta contra a insurgência.

Seu perfil de estrategista levou a Casa Branca a nomeá-lo em 2010 o chefe da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf, na sigla em inglês) no Afeganistão, após 20 meses como chefe do Comando Central do Exército dos EUA, com a esperança de que repetisse o mesmo êxito com as 30 mil tropas adicionais aprovadas por Obama em 2009.

Nascido no estado de Nova York em 7 de novembro de 1952, Petraeus se destacou desde sua juventude por sua facilidade para praticar todos os tipos de esportes e por seus dotes intelectuais.

Com 60 anos de idade, procura manter-se em forma, é amante do esqui e do futebol, e sua competitividade o levou a desafiar em algumas ocasiões soldados mais jovens a ver quem fazia mais flexões.


Acostumado a superar desafios na área militar e em sua vida pessoal, em 2009 venceu um câncer de próstata detectado em fase adiantada e que foi erradicado após dois meses de radioterapia.

Formado em 1974 na academia militar de West Point, onde acabou com o décimo melhor expediente de sua promoção, apenas dois meses após sua graduação contraiu casamento com Holly Knowlton, com quem tem dois filhos, Stephen e Ann.

Holly Petraeus apoiou a carreira de seu marido e interveio em favor das famílias dos militares. Atualmente, era a responsável pelo Escritório de Proteção Financeira ao Consumidor para os membros das Forças Armadas.

Em 1979, Petraeus foi nomeado suboficial de operações da Divisão de Infantaria em Fort Stewart, na Geórgia, e cumpriu missões no Haiti, Kuwait e Bósnia-Herzegovina, mas não entrou em contato com a guerra até 2003, quando foi destacado ao norte do Iraque com a Divisão Aerotransportada 101.

Paralelamente a sua ascensão na carreira militar, Petraeus obteve seu doutorado na prestigiada Escola Woodrow Wilson de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton com a tese 'O Exército americano e as lições do Vietnã'.

Em junho de 2004, foi designado primeiro comandante do Comando Multinacional para a Segurança na Transição do Iraque, até que um ano mais tarde foi novamente destinado aos EUA à frente do Centro Combinado de Armas, considerado o centro intelectual do Exército.

De lá, ajudou a redigir o manual contra a insurgência, um documento de referência para as forças americanas desdobradas no Iraque.

Seus detratores o apelidaram de 'King David' (Rei Davi) e asseguravam que suas aspirações iam além da milícia e da inteligência, podendo apresentar-se como candidato à Presidência dos EUA no futuro. EFE

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