Yoshiteru Uramoto, diretor-adjunto da Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Michal Cizek/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
Nova York - Regiões inteiras do planeta vivem em um tempo que de moderno só tem o nome, nas quais a falta de eletricidade e de sistemas de cozimento que não sejam tóxicos condenam milhões de pessoas à miséria.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), mais de 20% da população mundial, ou seja, 1,4 bilhão de pessoas, não têm acesso à eletricidade e 40% dependem ainda de fornos rudimentares e tóxicos para cozinhar.
"É uma vergonha, é inaceitável", afirmou a AIE em um relatório divulgado nesta semana na cúpula da ONU sobre as Metas do Milênio para o Desenvolvimento.
Pressionar um interruptor, um gesto elementar no mundo desenvolvido, é ainda um sonho em muitos países.
Por exemplo, os 19,5 milhões de habitantes do estado de Nova York consomem a mesma quantidade de energia elétrica que os 791 milhões de habitantes da África-subsaariana, excluindo a África do Sul, que está mais desenvolvida.
"O impossível acesso a serviços modernos de fornecimento de energia cria sérios obstáculos para o progresso econômico e social, e a questão deve ser superada se quisermos avançar nas Metas do Milênio", afirmou a AIE.
Segundo estudos da AIE, a América Latina terá eletricidade para todos em 2030 e a China até 2015.
No entanto, 1,2 bilhão de pessoas ainda viverão sem eletricidade em 2030, a maioria nas regiões rurais da África-subsaariana, Índia e outras regiões em desenvolvimento da Ásia.
Yoshiteru Uramoto, diretor-adjunto da Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido, da sigla em inglês), descreveu em uma coletiva de imprensa o efeito mágico que a chegada da eletricidade teve em um povoado do Quênia, onde os moradores puderam bombear água não contaminada e instalar incubadoras.
Imediatamente surgiu "um mercado que passou a funcionar à noite, luz nas ruas, mais segurança e a possibilidade de que as crianças fizessem a lição de casa", disse o funcionário.
Segundo destaca o relatório, muitos lares no mundo utilizam madeira, carvão, esterco e outros combustíveis tradicionais para cozinhar devido à recessão e aos altos preços dos combustíveis líquidos.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou na terça-feira a criação de uma "Aliança Mundial de Fornos Limpos", destinada a proporcionar a milhões de lares sistemas de cozimento não tóxicos até 2020.
Segundo estatísticas da ONU, 1,9 bilhão de pessoas, principalmente mulheres e crianças, morrem anualmente no mundo por problemas de saúde devido a fumaças tóxicas que exalam dos fornos domésticos rudimentares.
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