Emmanuel Macron: seu partido poderia obter a maioria de cadeiras para realizar as reformas prometidas (John Schults/Reuters)
AFP
Publicado em 9 de junho de 2017 às 11h07.
Um mês depois de elegerem o centrista Emmanuel Macron como presidente, os franceses votam neste domingo, no primeiro turno, para eleger seus deputados. Segundo pesquisas, seu partido poderia obter a maioria de cadeiras para realizar as reformas prometidas.
A dois dias do primeiro turno, as pesquisas dão um cômodo avanço ao partido de Macron, com 30% das intenções de voto, diante de uma oposição enfraquecida.
Eliminados no primeiro turno das presidenciais, os tradicionais partidos de esquerda e direita, que se revezam no poder há 60 anos, temem um verdadeiro tsunami do movimento presidencial criado há pouco mais de um ano: segundo várias projeções, poderia obter 400 deputados - em um total de 577 -, muito acima da maioria absoluta de 289 cadeiras.
Os dirigentes europeus e os mercados comemoram a possibilidade de aplicar essas reformas, mas as outras forças políticas se preocupam com uma grande concentração de poderes.
Macron e seu movimento realizam um "estratégia de dominação hegemônica [...], não acredito que seja saudável para o debate democrático", lamentou nesta sexta-feira François Baroin, líder do partido de direita Os Republicanos para estas legislativas.
A hegemonia dos deputados pró-Macron confirmaria a necessidade de renovação política vista pelos franceses.
A vontade de Macron de acabar com a tradição política o levou a formar um governo misturando personalidades de direita, de esquerda e da sociedade civil.
Entre os 530 candidatos apresentados pela República em Marcha, só há 28 parlamentares em fim de mandato, e um bom número de cidadãos provenientes de diferentes contextos.
Sua falta de notoriedade é compensada pela popularidade do novo chefe de Estado, que se beneficia de um indubitável estado de graça no início de seus cinco anos de mandato.
Seus primeiros passos no cenário internacional, considerados bem-sucedidos diante dos pesos pesados, somado à fascinação suscitada pelo atípico casal de um presidente e sua esposa 24 anos mais velha gerou uma "Macronmania".
Mas ainda restam estas legislativas, cruciais para que Macron assente sua política e reformas sociais e liberais. Trata-se de respeitas as promessas feitas aos eleitores, mas também de recuperar a confiança da Alemanha, que há anos reclama a Paris a realização de reformas estruturais.
Emmanuel Macron também tem a intenção de formar com a Alemanha uma dupla liderança da Europa, em um momento em que o aliado Estados Unidos se distancia e a Grã-Bretanha opta pelo Brexit.
"A eleição de Emmanuel Macron devolve à Europa uma frágil esperança. Trump e o Brexit podem atuar como um acelerador de partículas para a dupla franco-alemã". Mas a "França deve traduzir as suas intenções em atos para convencer a Alemanha de que desta vez realizará totalmente as suas reformas", indica o especialista em Política Internacional, Dominique Moïsi.