Mundo

Pesquisa aponta empate no Canadá, e Trudeau gasta últimas cartas

Com apenas 32% de apoio cada um, nenhum dos dois maiores partidos canadenses está em posição de ganhar as 338 cadeiras necessárias para obter maioria

Justin Trudeau: premiê canadense está no cargo desde 2015 (Shannon VanRaes/Reuters)

Justin Trudeau: premiê canadense está no cargo desde 2015 (Shannon VanRaes/Reuters)

A

AFP

Publicado em 13 de outubro de 2019 às 13h27.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, luta para manter sua maioria parlamentar na última semana de uma campanha apertada para as eleições gerais de 21 de outubro.

As últimas pesquisas marcaram um empate nas intenções de voto entre liberais e conservadores, liderados por Andrew Scheer.

Com apenas 32% de apoio cada um, nenhum dos dois partidos está em posição de ganhar as 338 cadeiras necessários para obter maioria absoluta na Câmara dos Comuns. Quem conseguir uma maioria relativa de votos deverá buscar o apoio de um ou mais partidos menores para compor o próximo governo.

"Desde os anos 1980, não vejo uma campanha eleitoral na qual os dois principais partidos sejam tão próximos e nenhum dos dois conseguiu cativar os eleitores", afirmou Christian Bourque, da empresa de pesquisas Leger.

"O apoio aos liberais está perto de seu mínimo histórico, o que significa que Trudeau não conseguiu convencer um número suficiente de eleitores progressistas para que fiquem com ele", disse Bourque à AFP.

"Enquanto isso, os conservadores não conseguir atrair os eleitores de centro (para além de sua própria base)", acrescenta.

A falta de um tema aglutinador, alega Bourque, tem sido problemática para todos os partidos nesta eleição, mas mais ainda para as duas principais siglas que se alternam há décadas no governo.

"Os partidos tradicionais estão lutando para cativar, inspirar e motivar os eleitores a sair e votar", explica o especialista.

Ao longo da campanha, Trudeau acusou Scheer e os conservadores de promoverem "políticas de medo e divisão" e de planejarem, secretamente, cortar bilhões em despesas sociais e de infraestrutura.

Scheer respondeu que Trudeau é um "mentiroso compulsivo", "um falso e uma fraude" e criticou sua intromissão no julgamento criminal da gigante da engenharia SNC-Lavalin.

Nesta última semana da campanha, a previsão de Bourque é que todos os partidos intensificarão ataques pessoais a líderes rivais.

No cargo de premiê no Canadá desde 2015, Trudeau vê as crises de seu governo se intensificarem neste ano. Sua popularidade caiu sob o peso de alegações de que ele e importantes membros do governo teriam tentado interferir em um processo criminal contra uma companhia de engenharia de Montreal, a SNC-Lavalin Group. No mês passado, o órgão de monitoramento ético do país concluiu que Trudeau desrespeitou regras ao tentar impedir o processo contra a empresa.

Além das polêmicas do governo, o premier enfrentou uma crise de imagem no começo da campanha política. Nas últimas semanas, foram divulgadas imagens do primeiro-ministro fantasiado de negro e árabe na sua juventude. A primeira foto divulgada é de 2001, quando ele foi a uma festa com o rosto escurecido com tinta marrom e um turbante na cabeça, imitando o personagem Aladdin. Depois, apareceram imagens de duas blackfaces feitas na sua adolescência.

Em vez de ajudar Scheer e os conservadores, porém, a desilusão do eleitorado com Trudeau impulsionou os Novos Democratas, que também se beneficiaram das boas atuações de seu novato líder Jagmeet Singh nos debates entre os candidatos. O partido existe desde a década de 1960, mas está sob comando de Singh desde 2017 e vem tentando se aproximar das pautas identitárias e atuais da chamada "nova esquerda", como direitos LGBT e meio-ambiente.

Acompanhe tudo sobre:CanadáJustin Trudeau

Mais de Mundo

Biden receberá Zelensky na Casa Branca para falar sobre guerra com a Rússia

Israel diz ter atacado cerca de 30 posições de lançamento de mísseis do Hezbollah no Líbano

Ataque russo atinge lar de idosos na Ucrânia e deixa 1 morto e 9 feridos

Governo argentino ameaça ceder controle da Aerolíneas a empresas privadas para conter greve sindical