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Pesquisa: 47% querem Escócia independente

Em menos de duas semanas, escoceses irão às urnas para decidir se continuam ou não parte do Reino Unido


	Há um mês, o quadro era completamente diferente: havia grande vantagem para o "não" à separação
 (Andy Buchanan/AFP)

Há um mês, o quadro era completamente diferente: havia grande vantagem para o "não" à separação (Andy Buchanan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de setembro de 2014 às 12h27.

Basileia - A apenas 11 dias do plebiscito sobre a independência da Escócia, pesquisa divulgada neste domingo mostra virada das intenções de voto. Levantamento feito pelo instituto YouGov para o jornal The Times mostra pela primeira vez a liderança do movimento independentista com apoio de 47% dos entrevistados. O grupo que deseja que o país continue parte do Reino Unido é composto por 45% dos consultados. Há ainda 8% de indecisos.

Em menos de duas semanas, escoceses irão às urnas para decidir se continuam ou não parte do Reino Unido - união política de Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte. Na reta final da campanha, o "sim" pela independência conseguiu reverter o quadro desfavorável e agora aparece com a maioria das intenções de voto. Mesmo com alguns temas indefinidos - como a manutenção da libra esterlina como moeda, os independentistas têm conquistado apoio em meio à insatisfação com as políticas decididas pelo governo em Londres.

A pesquisa divulgada neste domingo foi realizada entre os dias 2 e 6 de setembro. Há exatamente um mês, o quadro era completamente diferente: o levantamento divulgado em 7 de agosto mostrava grande vantagem para o "não" à separação, que contava com o apoio de 55% dos entrevistados, contra 35% pelo "sim". Na ocasião, 11% estavam indecisos.

Trabalhistas

Pesquisas qualitativas mostram que a maioria dos que apoiam o "sim" são os fiéis eleitores do Partido Nacional da Escócia (SNP, na sigla em inglês) - movimento que tem a independência como principal bandeira. Além disso, os independentistas estariam começando a receber apoio de alguns eleitores insatisfeitos do Partido Trabalhista, grupo de centro-esquerda que atualmente é oposição ao governo do Partido Conservador de David Cameron.

Analistas políticos concordam que os trabalhistas insatisfeitos viraram o principal alvo da campanha nos últimos dias antes do plebiscito. O "sim" tem veiculado forte crítica às políticas do governo Cameron que estariam prejudicando os escoceses.

Em um artigo publicado neste domingo no jornal Mirror, o ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown culpou o Partido Conservador pela dificuldade da campanha do "não". Ele argumenta que a campanha pela manutenção da Escócia como parte do Reino Unido tem sido dificultada pelas políticas de Cameron, como o corte dos subsídios para compra da casa própria e dos impostos para os mais ricos. Para o ex-primeiro-ministro, essas decisões têm gerado "raiva" nos escoceses que, por isso, se voltam contra o Reino Unido.

Apesar das divergências entre alguns políticos, os dois principais partidos do Reino Unido - o governista Partido Conservador e o oposicionista Partido Trabalhista - apoiam em conjunto o "não" e querem que a Escócia siga parte do Reino Unido

Além de criticar as decisões de Londres, a campanha pelo "sim" tem defendido que as grandes reservas de petróleo transformarão a Escócia independente em um dos países mais ricos do mundo. O movimento pelo "não" argumenta que o país poderá ter graves problemas econômicos caso deixe o Reino Unido, como a impossibilidade de usar a libra esterlina e o euro, porque a Escócia não teria entrada automática na União Europeia. Especialistas dizem que seria preciso esperar pelo menos cinco anos para o país tentar ingressar na UE. (Fernando Nakagawa, Enviado especial - fernando.nakagawa@estadao.com)

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