O candidato a presidência do Peru, Ollanta Humala, partcipa de comício (Divulgação/Partido Nacionalista Peruano)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2011 às 16h49.
Lima - Cerca de 20 milhões de eleitores peruanos vivem neste sábado um dia de reflexão às vésperas das eleições presidenciais deste domingo, as mais apertadas da história, que opõem o nacionalista Ollanta Humala e a congressista Keiko Fujimori.
Após dois meses de uma campanha esgotante e de grande polarização política e midiática, este sábado amanheceu tranquilo, com os líderes políticos e suas equipes de campanha restritas a tarefas internas.
Durante os dois dias de reflexão (que começou às 0h de sexta-feira) não é permitida a propaganda eleitoral, a divulgação de pesquisas e a venda de bebidas alcoólicas, embora de um modo ou outro as três proibições acabem sendo infringidas.
A Polícia realizou na sexta-feira à noite uma série de inspeções aleatórias em todo o país e 129 comércios foram multados por venderem bebidas alcoólicas, informou o Juizado Nacional de Eleições, enquanto as pesquisas continuaram sendo difundidas até sexta-feira e o seguirão fazendo neste sábado.
As pesquisas de intenções de voto, divulgadas "privadamente", mas chegam a milhões de pessoas por meio da internet, mostraram até sexta-feira uma grande igualdade entre os dois candidatos, tanto que ninguém se atreve a prever os resultados, pois as leves vantagens ficam dentro da margem de erro.
De qualquer maneira, a leve vantagem que tinha Keiko Fujimori sobre Ollanta Humala nas últimas semanas diminuiu até ser reduzida praticamente a zero, como coincidem os cinco institutos de pesquisas do país.
Os candidatos realizaram seus últimos comícios políticos na noite de quinta-feira, mas na sexta-feira e neste sábado continuaram dando entrevistas aos jornalistas vindos de todo o mundo para cobrir as eleições.
A chefe do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, na sigla em espanhol), Magdalena Chu, ressaltou que é "impossível" haver fraude nas eleições de domingo.
"A Lei Orgânica de Eleições e nossas respectivas leis orgânicas tornam impossível fraudes, disse Chu à rede "Rádio Programas del Perú (RPP)" em alusão às dúvidas colocadas nos últimos dias por pessoas do entorno de Humala e por ele mesmo pela suposta ingerência do Governo na atual campanha.
A esse respeito, Chu lembrou que "os organismos que formam o sistema eleitoral é constitucionalmente autônomo e não tem proximidade com o Poder Executivo".
Humala acusou na sexta-feira o presidente Alan García de apoiar abertamente à candidata Fujimori, algo que, segundo ele, explicaria as recentes interceptações telefônicas realizadas na sede de seu partido, Gana Peru.
O nacionalista não afirmou nem descartou a possibilidade de fraude, mas limitou-se a insistir que o Governo "não é imparcial (porque) vestiu a camiseta laranja (a cor que identifica os fujimoristas) e não a alvirrubra" (cores da insígnia nacional).
De qualquer maneira, as diferentes missões de observadores internacionais que chegaram a Lima nos últimos dias, particularmente as da União Europeia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) sublinharam que é muito difícil que possa ocorrer fraude pelos múltiplos sistemas de controles dos organismos peruanos.
O total de peruanos aptos a votar, o que é obrigatório sob pena de multa, é de 19.949.915, dos quais mais de 750 mil vivem no exterior, principalmente nos Estados Unidos (240.620), Espanha (123.931) e Argentina (106.665), pelos números do ONPE.
Os votos do exterior são registrados nos consulados peruanos e enviados à Chancelaria. Dado às pesquisas apertadas, são considerados vitais para inclinar a balança para um ou outro candidato.
Para garantir a segurança no dia das eleições serão mobilizados 77 mil policiais e 45 mil membros das forças armadas.
Os colégios eleitorais abrirão suas portas às 8h da manhã e fecharão às 16h. A chefe do ONPE alertou contra as "pesquisas a boca de urna" feitas pelos institutos privados, pois segundo ela não podem detectar o "voto escondido" e não têm confiabilidade científica.