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Pentágono: retirada do Afeganistão seria risco para EUA

Cerca de 11 mil soldados americanos já se encontram estacionados no Afeganistão, cenário desde 2001 da guerra mais longa da história dos EUA

Afeganistão: Mattis visitou o país na semana passada (Lucas Jackson/Reuters)

Afeganistão: Mattis visitou o país na semana passada (Lucas Jackson/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de outubro de 2017 às 22h01.

Os Estados Unidos devem continuar suas operações militares contra os talibãs no Afeganistão, porque uma retirada seria "um risco para nós mesmos" - advertiu o chefe do Pentágono, Jim Mattis, nesta terça-feira.

"Com base na análise da comunidade de Inteligência e na minha própria avaliação, estou convencido de que nos retiraríamos desta região sob nosso próprio risco", afirmou o secretário americano da Defesa, em uma audiência perante a Comissão das Forças Armadas do Senado.

Recentemente, o governo de Donald Trump anunciou planos para enviar mais 3.000 soldados ao Afeganistão para treinar e aconselhar as forças de segurança locais. Cerca de 11 mil soldados americanos já se encontram estacionados no Afeganistão, cenário desde 2001 da guerra mais longa da história dos Estados Unidos.

Mattis visitou o Afeganistão na semana passada com o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, para reafirmar o compromisso americano de impedir o fortalecimento dos talibãs. O grupo está na ofensiva desde que as forças de combate lideradas pelos Estados Unidos se retiraram do país, no final de 2014.

O principal comandante americano no Afeganistão, general John Nicholson, "mantém a linha", disse Mattis aos senadores.

"Devemos sempre nos lembrar de que estamos no Afeganistão para tornar os Estados Unidos mais seguros e garantir que o sul da Ásia não possa ser usado para tramar ataques contra a pátria americana, ou contra nossos parceiros e aliados", ressaltou.

Os Estados Unidos já não pensam em estabelecer um limite de tempo em sua operação no Afeganistão porque não querem dar aos talibãs argumentos para motivar suas tropas, afirmou o chefe do Estado-Maior americano, o general Joe Dunford.

Durante anos, Washington anunciou datas de sua eventual retirada, e os talibãs as usaram, alegou. "É como motivam suas tropas a cada ano: 'outro ano de luta e (...) a coalizão abandonará o Afeganistão".

Este é um argumento que os talibãs já não têm e, de acordo com a informação dada, a confusão mantida por Washington sobre a duração de sua missão "já teve um efeito significativo" na moral dos talibãs, assegurou Dunford. "Será isso o suficiente para levá-los à mesa de negociações? Não sei".

Os militares não convenceram todos os legisladores presentes. A senadora democrata Elizabeth Warren criticou duramente este compromisso sem limite.

"Entendo a necessidade de impedir que o Afeganistão se converta em um refúgio seguro para os grupos terroristas, mas pelo que sei, esta nova estratégia é sempre a mesma, exceto que eliminamos todos os prazos porque temos poucas esperanças de sucesso, quaisquer que sejam os prazos".

Os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos foram lançados pelo líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, de um Afeganistão governado pelos talibãs.

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