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Pentágono retira segurança de ex-chefe do Estado-Maior Conjunto e avalia rebaixar patente

General Mark A. Milley foi um dos agraciados pelo indulto preventivo de Joe Biden e considerado desafeto de Donald Trump

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 29 de janeiro de 2025 às 12h02.

Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 12h23.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, informou o general Mark A. Milley, de 66 anos, ex-chefe do Estado-Maior Conjunto americano, que está removendo sua equipe de segurança, seu acesso privilegiado e ordenando uma investigação sobre seu histórico, informou o Pentágono na terça-feira. Milley não pôde ser contatado para comentar o assunto.

Em um comunicado, o porta-voz da Defesa, John Ullyot, disse que o secretário determinou que a investigação verifique “se é apropriado” revisar a patente após a aposentadoria de Milley, que confrontou o presidente Donald Trump em seu primeiro mandato. Essencialmente, Hegseth está perguntando se o general deve ser rebaixado.

"Recebemos a solicitação e a estamos analisando", disse Mollie Halpern, porta-voz do inspetor-geral interino do Departamento de Defesa, sobre o encaminhamento para examinar as ações do ex-chefe do Estado-Maior.

O general se aposentou em 2023 e, em uma cerimônia que marcou a ocasião, lembrou às tropas que elas fizeram um juramento à Constituição e não a "um rei, ou uma rainha, ou a um tirano ou ditador" e que não fazem um juramento a um "aspirante a ditador". Há uma semana, autoridades graduadas do Pentágono tentaram apresentar Milley como um operador político insubordinado.

"Minar a cadeia de comando é corrosivo para nossa segurança nacional e restaurar a responsabilidade é uma prioridade para o Departamento de Defesa sob a liderança do presidente Trump”, disse Joe Kasper, chefe de gabinete de Hegseth, em um comunicado.

Poucos dias antes da cerimônia de aposentadoria do general, Trump, que na época ainda planejava a sua volta ao poder, sugeriu que a autoridade havia cometido traição e deveria ser condenado à morte.

Ameaças e indulto preventivo

Em meio a ameaças contínuas de Trump de retaliação contra seus inimigos ao retornar ao cargo, Milley recebeu um perdão preventivo do presidente Joe Biden horas antes de deixar o cargo, na semana passada. Em sua primeira semana de retorno à Casa Branca, Trump mandou retirar o retrato do general do corredor do Pentágono.

Como o general Milley foi perdoado, ele não pode ser levado à corte marcial. Mas uma decisão contra ele poderia levar à redução de sua patente, mesmo reformado. Milley e outros ex-funcionários do governo Trump haviam recebido proteção do governo por estarem sob ameaça após o ataque de drones dos EUA que matou o poderoso general iraniano Qassim Suleimani, no início de 2020.

Dois aliados republicanos do presidente Trump no Senado lhe pediram no domingo que repensasse sua decisão de retirar a equipe de segurança de ex-conselheiros ameaçados pelo Irã, dizendo que a medida poderia impedir que seus atuais assessores fizessem seu trabalho de forma eficaz.

O senador Tom Cotton, republicano do Arkansas e presidente do Comitê de Inteligência do Senado, e o senador Lindsey Graham, republicano da Carolina do Sul, falaram depois que Trump interrompeu abruptamente a proteção de segurança para três funcionários de seu primeiro mandato que estavam envolvidos em sua política para o Irã e continuam sob ameaça.

A Fox News já havia informado que Hegseth agia para revogar a segurança de Milley e ordenar o inquérito. Como secretário de Defesa recém-empossado, Hegseth tem sido um crítico ferrenho do general.

Origem do rompimento

O rompimento do general com Trump teve origem em seu pedido de desculpas por ter caminhado ao lado do republicano para uma sessão de fotos em 2020, depois que as autoridades usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra manifestantes pacíficos.

"Eu não deveria ter estado lá", disse ele mais tarde. "Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de que os militares estavam envolvidos na política interna."

Os partidários de Trump também atacaram Milley por causa de seus contatos com seu homólogo chinês durante o primeiro governo do magnata, assegurando-lhes que os Estados Unidos não estavam tentando atacá-los ou desencadear uma crise militar.

O general Milley foi promovido a chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas por Trump em 2019. Na época, o presidente ficou impressionado com seu histórico militar e sua postura. Mas rapidamente se desinteressou por ele.

No livro I Alone Can Fix It ("Só eu posso consertar: O ano final catastrófico de Donald J. Trump", traduzido para português), dos jornalistas Philip Rucker e Carol Leonnig, consta que o general Milley estava preocupado com a possibilidade de Trump tentar dar um golpe de Estado depois de perder a eleição de 2020. Ele se esforçou para garantir uma transferência pacífica de poder e emitiu uma declaração condenando o tumulto de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio.

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