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Da Redação
Publicado em 1 de dezembro de 2012 às 08h53.
Cidade do México - Enrique Peña Nieto, o político que tornou realidade a volta do Partido Revolucionário Institucional (PRI) ao poder, quer transformar México com uma gestão moderna, próxima do povo e longe dos vícios do passado.
Este advogado de 46 anos, militante do PRI desde os 18 anos, prometeu uma mudança profunda no México, fortalecer sua 'posição estratégica no mundo e estimular a reconciliação nacional e a unidade para fazer frente aos desafios do país.
Os desafios mais importantes do novo presidente mexicano são restabelecer a paz e a segurança, combater a corrupção através de um órgão dedicado a essa tarefa e gerar empregos e incentivar o desenvolvimento econômico para melhorar o bem-estar social.
Peña Nieto prometeu uma presidência moderna, responsável e aberta às críticas nesta nova oportunidade ao PRI, que ficou no poder de 1929 até 2000, quando o perdeu para o Partido Ação Nacional (PAN).
No entanto, para o analista político mexicano Carlos Elizondo, o estilo de Peña Nieto ainda é uma 'incógnita', porque ele 'nunca teve um cargo no governo federal'.
Embora tenha governado de 2005 a 2011 o estado do México, 'por muito importante que este seja', os problemas e os fatores que agora vai enfrentar são 'muito diferentes' dos que lidou ao longo de sua carreira, disse à Agência Efe o professor do Centro de Pesquisa e Docência Econômicas (CIDE), na Cidade do México.
Por um lado, o novo governante conta com condições macroeconômicas favoráveis e expectativas de crescimento boas em um contexto global difícil, mas em matéria de segurança tem seu maior desafio, já que os índices de violência estão em níveis muito altos.
No entanto, para Elizondo, 'parece que o ciclo de violência está em baixa', o que permitirá a Peña Nieto um início 'cômodo', no qual deverá mostrar resultados rápidos neste tema e nas grandes reformas que prometeu, tarefas para as quais deverá negociar, por não ter o controle do Congresso.
A equipe de Peña Nieto tenta fechar um pacto de abrangência nacional com outros partidos políticos sobre os temas mais importantes do país, aliança que não conseguiu fechar antes do início do mandato devido a reservas de setores do Partido da Revolução Democrática (PRD), de esquerda.
Peña Nieto também não conseguiu levar à frente a reforma da estrutura de governo, a fim de eliminar duas pastas, entre elas a de Segurança Pública, que seria absorvida pela Secretaria de Governo.
O novo presidente deverá mostrar a partir de hoje que não foi 'imposto' e 'pré-fabricado' pela rede de televisão Televisa, como alegam seus críticos, entre eles o ex-candidato da esquerda, Andrés Manuel López Obrador, que não reconheceu a vitória de Peña Nieto.
Essa situação se deve ao fato de que apenas a partir de 2005, quando foi candidato a governador do estado do México, o presidente eleito passou a ser conhecido no cenário político do país, apesar de então já ter tido vários cargos na administração pública, embora em nível estadual.
Na campanha que culminou com sua eleição, 'a estratégia foi vender um 'rockstar': jovem, alegre, com muito boa aparência', diz um dos que discursou nela, Liébano Sáenz, citado pela revista 'Nexos'.
Sempre bem penteado, Peña Nieto começou na época a assinar documentos em público para garantir suas promessas políticas, uma estratégia que repetiu centenas de vezes na campanha presidencial.
Seu mentor político nessa primeira etapa foi Arturo Montiel, um tio distante e governador do estado do México de 1999 a 2005, e cuja gestão esteve marcada por denúncias de corrupção.
Em 2000, Peña Nieto se tornou secretário de Administração do governo desse estado, em 2003 foi eleito deputado pelo distrito de Atlacomulco, e em 15 de setembro de 2005 virou governador.
Em um perfil publicado no livro 'Os suspirantes', o jornalista Ignacio Rodríguez Reyna descreve Peña Nieto como um 'político rígido, pouco hábil para improvisar, debater'; seu forte é seguir o roteiro em 'cenários preparados e controlados', acrescentou.
Em dezembro de 2011, isso ficou em evidência na Feira Internacional do Livro da Cidade do México (FIL), quando um jornalista lhe pediu que mencionasse as obras que mais tinham impactado sua vida, e ele só conseguiu citar a Bíblia.
Esse deslize despertou uma onda de críticas sobre sua preparação, apesar de contar com uma licenciatura em Direito e um mestrado em Administração de Empresas.
Em plena campanha, teve que enfrentar o movimento 'Yo soy 132', que surgiu depois que estudantes questionaram a repressão policial de uma revolta civil em maio de 2006 no estado do México que acabou com dois mortos, a detenção de 200 ativistas e abusos sexuais de várias mulheres.
Pessoas do entorno do PRI qualificaram os jovens como agentes a serviço de outros interesses, mas estes defenderam seu direito à crítica e ganharam respaldo nas redes sociais, surgindo assim um movimento que teve voz própria na campanha e dialogou com os candidatos, exceto com Peña Nieto.
Segundo Rodríguez Reyna, as mulheres desempenharam 'um papel crucial na construção de sua candidatura presidencial', apesar de sua polêmica vida privada.
Durante a campanha, cogitou-se que Peña Nieto, que se casou em 2010 com a atriz Angélica Rivera, teve filhos fora de seu primeiro casamento com Mónica Pretelini, que faleceu em 2007.
'De nenhuma maneira (sou um sedutor), me assumo como um homem de família, dedicado à minha família', disse o político, que deverá conciliar essa imagem com a de um estadista que promove os acordos para transformar o México.
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