Mundo

Pelo menos 18 feridos em dia violento de protesto contra o governo no Peru

O protesto convocado pelo coletivo "Geração Z", que reúne jovens de 18 a 30 anos

O protesto convocado pelo coletivo "Geração Z", que reúne jovens de 18 a 30 anos (EFE/Paolo Aguilar/Reprodução)

O protesto convocado pelo coletivo "Geração Z", que reúne jovens de 18 a 30 anos (EFE/Paolo Aguilar/Reprodução)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 21 de setembro de 2025 às 19h29.

Pelo menos 18 pessoas, entre policiais, jornalistas e manifestantes, ficaram feridas nos confrontos que eclodiram na noite de sábado, 20, durante um protesto em Lima, no Peru. Os atos foram convocados por jovens contra o governo e o congresso, segundo os relatos atualizados de autoridades e organizações independentes.

O protesto convocado pelo coletivo "Geração Z", que reúne jovens de 18 a 30 anos em média, resultou em fortes confrontos com a força pública nas imediações das sedes dos poderes públicos, no centro da capital peruana, observou uma equipe da AFP.

Ao anoitecer, os manifestantes — aos quais se juntaram outros grupos também insatisfeitos com a gestão do governo de Dina Boluarte — enfrentaram a polícia com pedras e paus, que impediu, com gás lacrimogêneo, que a marcha avançasse em direção aos edifícios da presidência e do parlamento.

Para este domingo, estava convocada uma nova jornada de mobilizações.

Manifestações no Peru

As manifestações vêm aumentando nos últimos seis meses, devido à onda de extorsões e assassinatos do crime organizado, à corrupção percebida pelos cidadãos no setor público e ao desprestígio do executivo e do congresso, segundo os estudos de opinião mais recentes.

Nesta semana, o legislativo, de maioria conservadora e aliado de Boluarte, aprovou uma reforma previdenciária que, segundo os jovens, os obriga a contribuir para fundos privados em meio a uma informalidade que supera 70%, de acordo com estatísticas oficiais.

O protesto de sábado foi o mais violento em meio ao crescente descontentamento social. A polícia inicialmente reportou três uniformizados feridos, mas neste domingo elevou para 12 o número de agentes lesionados.

"Entre eles, uma mulher policial com lesões consideráveis e outro agente com diagnóstico de policontusão (...), que permanecem sob observação hospitalar", afirmou a polícia em comunicado neste domingo.

Segundo a autoridade, cerca de 450 manifestantes participaram das manifestações, nas quais também houve danos ao espaço público.

Nas redes sociais, circularam imagens de manifestantes feridos por projéteis supostamente disparados pela força pública.

A Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP) denunciou ainda que seis comunicadores foram atingidos por esse tipo de projétil durante a cobertura do protesto, entre eles dois da rede de rádio Exitosa Noticias.

Outro fotojornalista, César Zamalloa, do semanário Hildebrandt en sus trece, afirmou que os policiais "começaram a disparar (...) direto no corpo" das pessoas.

"Nisso senti um impacto na perna e no quadril", conforme o depoimento recolhido pela ANP e divulgado neste domingo em sua página no Facebook.

Tanto essa entidade quanto a Coordenadora Nacional de Direitos Humanos do Peru denunciaram a repressão policial durante as manifestações.

Na reta final de seu mandato, que se encerrará em julho de 2026, a presidente Boluarte enfrenta uma impopularidade recorde.

Um percentual de 79% dos peruanos afirma sentir vergonha do governo e 85% do Congresso, de acordo com uma pesquisa da empresa Datum realizada com 1.200 pessoas e publicada neste domingo pelo jornal El Comercio.

Acompanhe tudo sobre:PeruProtestos no mundoGeração Z

Mais de Mundo

Conversa entre Lula e Trump muda rumo da crise, mas cenário é imprevisível, dizem analistas

Meloni diz não se opor ao reconhecimento do Estado da Palestina, mas com condições

Macron diz que Trump só poderá ganhar Nobel da Paz se 'parar' guerra em Gaza

Trump quer reformular processo de vistos H-1B e atrair profissionais com maiores salários aos EUA