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Peles voltam às passarelas, apesar da ira de ONGs

As peles, que voltam às passarelas, alimentam uma indústria em ascensão na Europa, mesmo com o combate das ONGs defensoras dos animais

Foto em fazenda de produção de peles na Finlândia: popularidade renovada do uso de peles poderia ser uma consequência da crise de 2008 (Yvonne Nottebrocky/AFP)

Foto em fazenda de produção de peles na Finlândia: popularidade renovada do uso de peles poderia ser uma consequência da crise de 2008 (Yvonne Nottebrocky/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de fevereiro de 2014 às 14h41.

Oslo - As peles, que voltam às passarelas das grandes capitais da moda, alimentam uma indústria em ascensão no norte da Europa, mesmo com o combate das organizações não-governamentais defensoras dos animais.

"Prefiro ir nua do que vestir peles". A campanha da associação Peta, com uma lista impressionante de supermodelos nuas como Claudia Schiffer, Cindy Crawford e Naomi Campbell, contribuiu para transformar as peles em politicamente incorretas nos anos 1990.

Duas décadas depois, as peles de vison e raposa são onipresentes nos desfiles de moda. Segundo o site "fashionista.com", 70% dos estilistas utilizaram peles em suas coleções de inverno no ano passado. Esta tendência parece se confirmar nos desfiles deste ano.

A popularidade renovada do uso de peles é difícil de explicar, mas, segundo os profissionais, poderia ser uma consequência da crise de 2008.

"Quando a economia está em perigo, os políticos tendem a se concentrar nas questões fundamentais: Como reativar o crescimento? Como proteger o emprego? Como superar os obstáculos políticos que pesam sobre a economia?", disse Bo Manderup, chefe do grupos de defesa europeu Fur Europe.

"O luxo do politicamente correto poderia ter evaporado com a crise", acrescenta.

Em dez anos, a produção mundial de vison duplicou, chegando a 66 milhões de peles no ano passado, segundo a empresa de leilões finlandesa Saga Furs.

Apesar do aumento da produção chinesa, a Europa continua sendo a maior produtora, com a Dinamarca no topo da lista: os 1.400 criadores dinamarqueses exportaram peles de vison, em um total de 13 bilhões de coroas (1,7 bilhão de euros, 2,3 bilhões de dólares) no ano passado, o que de fato se transformou em seu principal produto de exportação para a China, onde as peles são trabalhadas e uma parte é comercializada.


A indústria, submetida à regulação do Conselho Europeu, que fixa a superfície mínima das jaulas em 0,8 m2 para a raposa e 0,255 m2 para o vison, criou selos de qualidade que, supostamente, devem garantir a origem dos animais e seu bem-estar.

É uma tentativa sem sucesso de "lavagem verde" (ou greenwashing, a apropriação de virtudes ambientalistas), segundo a associação austríaca Vier Pfoten (Quatro Patas), que acaba de divulgar imagens que, supostamente, teriam sido filmadas em uma criação da Finlândia, líder europeia na produção de pele de raposa.

Apesar de essa criação se orgulhar da etiqueta "Saga Furs", que seria sinônimo de "práticas responsáveis", as condições são de "tortura", de acordo com a associação.

Os militantes da causa animal consideram que criar animais para matá-los com crueldade depois não é eticamente justificável em 2014. Os visons são mortos geralmente com gás carbônico e as raposas recebem choques no ânus.

"Alguns comem carne, outros não. Respeito essa escolha, mas é uma escolha pessoal, não social. O mesmo acontece com as peles: alguns gostam, outros não", diz Bo Manderup.

Graças às inovações técnicas e ao marketing, as peles renovaram sua imagem. Na Rússia e na China, elas se transformaram em símbolo de riqueza, como as marcas de luxo em couro.

O resultado é o que o preço do vison aumentou consideravelmente nos últimos anos.

Pela primeira vez em 20 anos surgem novas criações na Suécia.

Mas o aumento do preço do vison estimulou tanto a oferta que a tornou excessiva.

Essa abundância, combinada com o inverno brando na China, provocou uma queda de 26% dos preços em dezembro, segundo a empresa dinamarquesa especializada de leilões Kopenhagen Fur, a maior do mundo, que ficou com 80% dos seus produtos sem compradores.

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