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Pela primeira vez, Rússia prende sul-coreano sob acusação de espionagem

Segundo informações da Rússia, Baek Won-soon havia repassado "segredos de Estado para serviços de inteligência estrangeiros"

Vladimir Putin: presidente russo tem aprofundado relações com a Coreia do Norte, inimiga histórica da Coreia do Sul (RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters)

Vladimir Putin: presidente russo tem aprofundado relações com a Coreia do Norte, inimiga histórica da Coreia do Sul (RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf/Reuters)

Publicado em 12 de março de 2024 às 06h25.

A Rússia prendeu um homem sul-coreano identificado como Baek Won-soon na cidade de Vladivostok "no início do ano", e o transferiu para Moscou no final de fevereiro, segundo informações da agência de notícias estatal russa TASS.

É a primeira vez que um sul-coreano é detido na Rússia sob acusações de espionagem. 

A agência citou uma fonte não identificada, que disse que Baek havia repassado "segredos de Estado para serviços de inteligência estrangeiros". Não foram divulgados mais detalhes. Na última segunda-feira, 11, um tribunal determinou que sua detenção seja prorrogada até 15 de junho.

O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul disse em comunicado que seu consulado estava fornecendo assistência desde que tomou conhecimento da detenção de Baek. O ministério não deu mais detalhes, citando a investigação em curso.

Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, Baek é um missionário que havia se envolvido no resgate de desertores norte-coreanos e na prestação de ajuda humanitária. Ele foi detido em janeiro, alguns dias após chegar a Vladivostok por terra vindo da China.

Rússia vs. Coreia do Sul

Em 2022, o país governado por Vladimir Putin rotulou a Coreia do Sul como um país "não amigável" em 2022 por causa de seu apoio às sanções ocidentais contra Moscou depois da invasão da Ucrânia. Seul se juntou a outras nações ao bloquear certos bancos russos do sistema de pagamento internacional SWIFT.

Logo após a invasão da Ucrânia, há mais de dois anos, a Coreia do Sul tomou a rara decisão de impor controles de exportação contra Moscou. O país restringiu as compras de itens, incluindo semicondutores, computadores, equipamentos de comunicação e navegação. 

Leia também: Putin dá carro de luxo a Kim Jong Un como sinal de 'relações especiais'

Segundo a Administração de Informações sobre Energia dos EUA, a Rússia fornecia cerca de 6% das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul em 2021, antes da invasão de Putin. De acordo com dados da Corporação Nacional de Petróleo da Coreia, a Coreia do Sul não importou petróleo russo desde novembro de 2022.

A tensão entre os dois países também aumentou nos últimos meses, com Seul endossando as acusações dos Estados Unidos de que a Coreia do Norte fornece armas para a Rússia. Em troca, a Rússia tem enviado à Coreia do Norte alimentos, matérias-primas e peças utilizadas na fabricação de armas, disse o ministro da Defesa da Coreia do Sul, Shin Wonsik, no mês passado. 

A ajuda alimentar ajudou o líder norte-coreano Kim Jong Un a estabilizar os preços dos produtos necessários, disse Shin. Ele acrescentou que, se as transferências de armas se expandirem, a Rússia poderia enviar mais tecnologia militar para Kim, ajudando na capacidade de Pyongyang de ameaçar a região. Ambos os países negam. 

A Rússia tem aprofundado relações com a Coreia do Norte após o líder Kim Jong-Un viajar para a Rússia em setembro do ano passado e se encontrar com o presidente russo Vladimir Putin. No mês passado, o presidente russo deu um carro de luxo para o norte-coreano.

Prisões por espionagem na Rússia

A Rússia intensificou as detenções sob acusação de espionagem. Em março de 2023, o jornalista norte-americano Evan Gershkovich, do Wall Street Journal, foi detido por suposta espionagem e está sendo mantido na prisão de Lefortovo, conhecida por suas condições severas e por manter os detidos em quase total isolamento. Sua detenção foi prorrogada até o final de março. 

Em outubro, a jornalista russa-americana Alsu Kurmasheva, que trabalhava para a Radio Free Europe, foi detida por não se registrar como agente estrangeira e posteriormente acusada de divulgar "informações falsas" sobre o exército russo. Sua prisão foi prorrogada até abril.

A espionagem tem uma pena máxima de 20 anos de prisão na Rússia.

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