O avanço do aquecimento global está expandindo a presença de mosquitos para regiões antes inóspitas, aumentando o risco de doenças transmitidas. (Reprodução/Facebook @bjorn.hjaltason)
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Publicado em 22 de outubro de 2025 às 16h45.
Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 17h02.
Pela primeira vez na história, mosquitos foram encontrados na Islândia. A descoberta aconteceu recentemente, na região de Kiðafell, próxima à capital Reykjavik, quando três exemplares da espécie Culiseta annulata foram capturados em armadilhas.
A presença dos mosquitos surpreendeu os cientistas do Instituto de Ciências Naturais da Islândia. Um entusiasta de insetos, Björn Hjaltason, alertou pesquisadores depois de identificar um "mosquito estranho" em Kjós e compartilhar a imagem em um grupo do Facebook.
Segundo os pesquisadores, o fenômeno está diretamente ligado ao aquecimento global acelerado no país, que esquenta quatro vezes mais rápido que a média do Hemisfério Norte devido a um fluxo constante de ar quente do sul.
Esse processo teria criado condições favoráveis para a reprodução dos mosquitos, já que a espécie necessita de água parada e temperaturas mais amenas.
A espécie encontrada, Culiseta annulata, já é conhecida por ser tolerante ao frio e comum no Reino Unido. Além disso, ela se reproduz em recipientes artificiais como baldes, cisternas e pneus descartados, o que facilita sua expansão para novas áreas. A espécie pode, inclusive, sobreviver ao inverno abrigada em porões e celeiros.
Anteriormente, o clima único da Islândia impedia a presença de mosquitos. Entretanto, com o derretimento de geleiras e recordes de calor recentes, o ecossistema está mudando.
O avanço do aquecimento global está expandindo a presença de mosquitos para regiões antes inóspitas, aumentando o risco de doenças transmitidas por esses insetos, como dengue, zika, chikungunya e malária.
No Reino Unido, já foram encontrados ovos de mosquitos vetores como Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil, em 2024, foram registrados 2,3 milhões de casos prováveis de dengue em apenas dois meses, se estabelecendo como um recorde histórico. E, recentemente, Nova York confirmou o primeiro caso local de chikungunya.