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Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 06h01.
Última atualização em 25 de janeiro de 2019 às 06h01.
São Paulo - Um em cada 9 cristãos no mundo vive em países onde a prática da sua religião é proibida e perseguida. Só no ano passado, ao menos 4 mil seguidores do cristianismo foram mortos por motivos relacionados à fé, 5,6 mil foram detidos sem julgamento e sentenciados, e mais de 1,2 mil igrejas ou centros cristãos foram depredados.
Os dados alarmantes são do relatório compilado anualmente pela organização Open Doors USA, considerada uma autoridade no estudo de perseguição religiosa a cristãos. Perseguição, segundo a ONG, é definida como “qualquer hostilidade experimentada como resultado da identificação de alguém com a religião", o que pode incluir atitudes, palavras e ações hostis.
Segundo o relatório, ao menos 250 milhões de cristãos do mundo (mais do que a população do Brasil) estão sujeitos a intimidações, prisão e até mesmo morte por sua crença religiosa.
O estudo avalia tanto o nível de perseguição institucionalizada e perpetrada por governos, quanto perseguições sociais e até mesmo familiares, listando os países onde os cristãos são mais severamente oprimidos.
Pelo décimo oitavo ano consecutivo, a Coreia do Norte lidera o ranking, seguida de países onde o extremismo islâmico é o principal e dominante motor da perseguição (caso de 7 dos 10 países mais opressores).
1. Coreia do Norte
População total no país: 25.611.000
Número de cristãos: 300.000
Principal crença: Ateísmo
O regime ditatorial norte-coreano é o principal opressor do cristianismo. No país que idolatra líderes supremos da família Kim, os cristãos são vistos como elementos hostis na sociedade e, por isso, devem ser erradicados.
Segundo o relatório, devido à constante doutrinação que permeia todo o país, vizinhos e até membros da família são vigilantes e denunciam qualquer atividade religiosa suspeita para as autoridades.
Havia esperança de que novos esforços diplomáticos em 2018 (incluindo as Olimpíadas de Inverno) levariam a uma diminuição da pressão e da violência contra os cristãos, mas não foi o caso.
População: 36.373.000
Número de cristão: indefinido
Principal crença: Islamismo
O Afeganistão declarou o Islamismo a religião de Estado em sua constituição. Por ser um estado islâmico por lei, funcionários do governo e cidadãos são hostis aos adeptos de qualquer outra religião. Os cristão que vivem lá são incapazes de expressar sua fé, mesmo em particular, pois converter-se a uma fé fora do Islã é visto como uma traição à família, tribo e país.
População: 15.182.000
Número de cristãos: indefinido (da ordem de centenas)
Principal crença: Islamismo
Assim como no Afeganistão, o islamismo é a religião do estado na Somália. Mesquitas, madrasas (casas de estudos islâmicos) e representantes do grupo fundamentalista islâmico Al Shabab já declararam publicamente que não há espaço para os cristãos no país. Os crentes que deixaram o islamismo para seguir Jesus são frequentemente mortos quando descobertos.
População: 6.471.000
Número de cristãos: 37.900
Principal crença: Islamismo
Após a derrocada do ex-ditador Muammar Gaddafi, a Líbia mergulhou no caos e na anarquia, situação que permitiu que vários grupos militantes islâmicos controlassem partes do país. A ausência de um único governo central para impor a lei e a ordem tornou precária a situação dos cristãos, que enfrentam abuso e violência por sua crença, principalmente por parte de grupos militantes islâmicos e criminosos organizados.
População: 200.814.000
Número de cristãos: 3.981.000
Principal crença: Islamismo
Igrejas históricas tradicionais têm relativa liberdade para adoração e outras atividades, no entanto, os cristãos são fortemente monitorados e não raro são alvo de ataques a bomba mortais. Grande parte da perseguição cristã no Paquistão vem dos grupos islâmicos radicais que florescem sob o favorecimento de partidos políticos, do exército e do governo. Os seguidores de Jesus também vivem com medo diário de serem acusados de blasfêmia - o que pode levar à pena de morte no país.
População: 41.512.000
Número de cristãos: 1.910.000
Principal crença: Islamismo
Desde 1989, o Sudão é governado pelo ditador Omar Hassan Ahmad al-Bashir, que instaurou um Estado islâmico com direitos limitados para as minorias religiosas. Os cristãos enfrentam discriminação e pressão constantes, com várias igrejas demolidas. Cristãos convertidos com antecedentes muçulmanos estão particularmente em risco porque a conversão do Islã para outra religião é legalmente punível com a morte.
População: 5.188.000
Número de cristãos: 2.474.000
Principal crença: Cristianismo / Islamismo
Desde 1993, o presidente Afwerki tem perpetrado um regime brutal autoritário que repousa sobre violações maciças dos direitos humanos. Durante o período de estudo do relatório (de outubro de 2017 a novembro de 2018), as forças de segurança do governo realizaram incursões nas comunidades e aprisionaram centenas de cristãos em condições desumanas, incluindo pequenos contêineres em calor escaldante.
Os cristãos estão sendo forçados a se juntar às forças armadas, e os protestantes, em particular, enfrentam sérios problemas com o acesso aos recursos da comunidade, especialmente os serviços sociais prestados pelo Estado. Essa extrema pressão e violência sancionada pelo Estado está forçando alguns cristãos a fugir da Eritreia - muitas vezes chamada de “Coréia do Norte da África” - e buscar asilo.
População: 28.915.000
Número de cristãos: Milhares (não especificado)
Principal crença: Islamismo
A guerra civil em curso no Iêmen criou uma das piores crises humanitárias na história recente, tornando a situação dos cristão do país ainda mais difícil. O caos da guerra permitiu que grupos radicais assumissem o controle de algumas regiões do Iêmen e aumentassem a perseguição aos cristãos. Mesmo o culto privado é arriscado em algumas partes do país. Quem se converte para o cristianismo sofre violência adicional da família e sociedade.
População: 82.012.000
Número de cristãos: 800.000
Principal crença: Islamismo
A principal ameaça para os cristãos no Irã vem do próprio governo. O regime iraniano define o país como um estado islâmico baseado no islamismo xiita. Cristãos e outras minorias são vistos como uma distração indesejável para o ideal nacional. Por lei, um muçulmano que abandona a religião está sujeito à pena de morte, embora não haja registros recentes de aplicação dessa lei por lá.
Muitos cristãos (especialmente convertidos) foram processados e sentenciados a longos períodos de prisão. Outros ainda aguardam julgamento. Durante esse tempo, suas famílias enfrentam humilhação pública. Apesar da opressão estatal, a sociedade iraniana é muito menos fanática em relação às minorias religiosas do que as lideranças do governo.
População: 1.354.052.000
Número de cristãos: 65.061.000
Principal crença: Hinduísmo
Desde que o atual partido governante (nacionalista hindu) assumiu o poder em 2014, os ataques aos cristãos e outras minorias religiosas aumentaram. Os radicais hindus acreditam que podem atacar os cristãos sem consequências. Como resultado, os cristãos têm sido alvo constante de extremistas. A visão dos nacionalistas é que ser indiano é ser hindu, então qualquer outra fé - incluindo o cristianismo - é considerada não-indiana. Em algumas regiões do país, os convertidos ao cristianismo do hinduísmo experimentam extrema perseguição, discriminação e violência.