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Patrocinadores pedem renúncia, mas Blatter descarta

O mega-escândalo de corrupção que abala o futebol mundial ganhou mais um capítulo com a decisão de patrocinadores de pedir a renúncia do presidente da Fifa

Joseph Blatter, presidente da Fifa (Fabrice Coffrini/AFP)

Joseph Blatter, presidente da Fifa (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2015 às 19h58.

Nova York - O mega-escândalo de corrupção que abala o futebol mundial ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira, com a decisão dos principais patrocinadores da Fifa, Coca-Cola, McDonald's, Visa e Budweiser, de pedir a renúncia imediata de Joseph Blatter, presidente demissionário da entidade.

É a primeira vez que essas empresas - que investiram centenas de milhões de dólares na entidade nos últimos anos - pedem explicitamente a saída do cartola.

Na última sexta-feira, a justiça suíça abriu uma investigação criminal contra Blatter, por "abuso de confiança" e "pagamento indevido" de dois milhões de francos suíços (1,8 milhão de euros) a Michel Platini, presidente da Uefa e favorito à sua sucessão.

A Procuradoria-Geral também suspeita que o suíço de 79 anos assinou "um contrato desfavorável para a Fifa" com a União Caribenha de Futebol (CFU), presidida por Jack Warner, na venda dos direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2010 e 2014.

"Pelo bem do jogo, a companhia Coca-Cola pede para que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renuncie imediatamente, para que um processo de reformas confiável e viável possa começar seriamente", escreveu o gigante do ramo de bebidas num comunicado.

"Os eventos da semana passada mancharam a reputação da Fifa e abalaram a confiança do público na sua liderança", disse por sua vez a rede de lanchonetes.

Investigação criminal

Minutos depois dos primeiros pedidos de renúncia, enviados de forma simultânea pelas empresas americanas, o cartola respondeu por meio dos seus advogados que descarta deixar o cargo.

"Coca-Cola é um patrocinador valioso para a Fifa, mas o senhor Blatter discorda, com todo o respeito, da sua posição, e acredita com firmeza que deixar o cargo agora não serviria aos interesses da Fifa ou adiantaria o processo de reformas, por isso descarta renunciar ao cargo", rebateu Richard Cullen, advogado do suíço de 79 anos, em outro comunicado.

Menos de uma hora depois desta reação, Blatter recebeu mais um baque, com o anúncio de que a Visa e a Budweiser também se juntaram ao coro dos patrocinadores que pedem sua saída.

"Acreditamos que nenhuma reforma significativa pode ser feita na liderança atual da Fifa", disparou a operadora de cartões de crédito.

"Pelos eventos ocorridos na semana passada, é claro que seria do melhor interesse da Fifa a renúncia imediata de Sepp Blatter", completou.

Já o grupo Anheuser Busch InBev, matriz da Budweiser, disse por sua vez que "a saída de Blatter seria bem-vinda".

O principais patrocinadores da Fifa desembolsam todo ano 30 milhões de dólares para associar suas marcas a eventos organizados pela entidade.

Federação Inglesa comemora

O escândalo estourou no dia 27 de maio, com a prisão num hotel de luxo em Zurique de sete altos dirigentes da Fifa a pedido da justiça americana, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF.

Esses cartolas estavam na Suíça para participar do congresso em que Blatter foi reeleito para um quinto mandato, no dia 29 de maio.

O suíço, porém, acabou colocando o cargo a disposição quatro dias depois, diante da forte pressão internacional, principalmente da parte dos patrocinadores.

Mesmo assim, Blatter, que está à frente da Fifa desde 1998, pretende permanecer nas suas funções até o dia 26 de fevereiro, data marcada para a eleição do seu sucessor.

Para o presidente da Federação Inglesa (FA), Greg Dyke, um dos críticos mais ferrenhos do presidente demissionário, o pedido de renúncia dos patrocinadores pode ser um golpe fatal.

"Acho que isso vai virar o jogo. Agora, não importa mais o que Blatter vai falar. Se as pessoas que pagam querem uma mudança, vão ter esta mudança", comentou o britânico.

"O importante não é apenas que ele renuncie, é assegurar que haverá um programa efetivo de reformas. Para aqueles que querem uma mudança profunda, isso é uma boa notícia", completou.

Blatter já começou a ver o cerco se apertar na semana retrasada, com o afastamento do seu braço-direito, Jerôme Valcke, do cargo de secretário-geral da entidade, por conta de denúncias de envolvimento num esquema de venda ilegal de ingressos durante a Copa do Mundo no Brasil.

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