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Patrimônio Mundial da América Latina 'sofre pressões por desenvolvimento'

Machu Picchu foi salvo de entrar na lista de Patrimônio Mundial em Perigo, mas será submetido a uma "vigilância reforçada"

O santuário do Império Inca levantado em Machu Picchu, no departamento de Cusco, fica a 2.400 metros de altura (Wikimedia Commons)

O santuário do Império Inca levantado em Machu Picchu, no departamento de Cusco, fica a 2.400 metros de altura (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2011 às 16h41.

Paris - O Patrimônio Mundial que a América Latina abriga "está sofendo pressões de projetos de desenvolvimento", advertiu nesta quinta-feira a diretora regional do Centro de Patrimônio Mundial da Unesco, Nuria Sanz, que ressaltou o "enorme potencial" da região em termos de patrimônio.

"Os locais estão sofrendo pressões que vêm de projetos de desenvolvimento, de ordenação territorial e de construção de infraestruturas", indicou Sanz à AFP à margem da 35ª reunião do Comitê de Patrimônio Mundial, reunido em Paris de 19 a 29 de junho.

Sanz mencionou o caso da cidadela inca de Machu Picchu (Peru) e de dois sítios no Panamá que nesta semana correram o risco de entrar na lista de Patrimônio Mundial em Perigo, mas finalmente ficaram de fora.

Estes três locais figuram entre os "principais ícones" do Patrimônio Mundial da região, que conta no total com 124 sítios culturais, naturais e mistos dos 911 distribuídos em todo o mundo.

"O patrimônio mundial, que precisa de um determinado grau de preservação, está se chocando com as ideias de desenvolvimento que muitos países estão levando adiante", insistiu Sanz pouco antes do início da reunião de delegados da América Latina e do Caribe na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris.

"Os países da América Latina e do Caribe (...) precisam de uma reflexão importante sobre a conservação do Patrimônio Mundial", sustentou.

O santuário do Império Inca levantado em Machu Picchu, no departamento de Cusco, a 2.400 metros de altura, foi salvo de entrar na lista de Patrimônio Mundial em Perigo, mas será submetido a uma "vigilância reforçada".

Após um "longo debate" na quarta-feira, os membros do Comitê - formado por 21 países, entre eles Brasil e México - chamaram a atenção para os perigos que pesam sobre Machu Picchu, como "o excesso de visitantes" e a "construção de uma estrada próxima".

No caso do Panamá, trata-se da Cidade Velha, envolvida em um "enorme projeto de desenvolvimento", e dos fortes de Portobelo e de San Lorenzo, localizados na costa caribenha e construídos nos séculos XVII e XVIII.


A lista de Patrimônio Mundial reconhece nos sítios que inscreve um "valor universal excepcional e compromete os Estados a preservar um valor para as gerações futuras", lembraram fontes da Unesco, organização para a qual a inscrição nesta lista "não é um fim, mas um começo".

Durante sua reunião em Paris, o Comitê de Patrimônio Mundial examinará o estado de conservação de 169 sítios, incluindo os 30 que formam parte da lista de Patrimônio Mundial em Perigo, que "é vista como um perigo".

"Mas não é, já que serve para mobilizar apoio técnico, científico e econômico", disseram estas fontes, que citaram o exemplo da ilha de Galápagos (Equador), que recebeu apoio financeiro do Japão.

O Comitê também examinará 37 novas candidaturas à lista de Patrimônio Mundial, entre as quais figuram a paisagem cultural do café (Colômbia), a catedral de León (Nicarágua), a obra arquitetônica de Le Corbusier e entre as quais figura uma casa na cidade de La Plata (Argentina).

Sanz também ressaltou o papel dos "processos políticos de descentralização" que estão ocorrendo na região e que "às vezes, deixam a Convenção do Patrimônio Mundial no limbo".

"Como unir o que diz um prefeito com o que diz a Convenção do Patrimônio Mundial? Quem diz ao prefeito de Machu Picchu que não pode fazer uma estrada?", perguntou-se a diretora, antes de lembrar que o "interlocutor direto" são os governos nacionais.

Sanz valorizou os processos de atualização das legislações da região em relação à conservação do patrimônio e assegurou que a América Latina "tem muito o que fazer" no âmbito do Patrimônio Mundial, já que também tem "um enorme potencial".

Diante de delegados de uma dezena de países, sustentou que a região está "subrepresentada" na lista de Patrimônio Mundial e destacou o projeto de inscrição do "Sistema viário andino", uma rede viária de 20 mil km que unirá sítios do Patrimônio Mundial e cuja candidatura será impulsionada em 2012 por Peru, Equador, Colômbia, Bolívia, Argentina e Chile.

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