Westerdam: navio de cruzeiro está ancorado no Camboja e uma passageira foi diagnosticado com coronavírus (Clare Baldwin/Reuters)
Felipe Giacomelli
Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 11h55.
Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 12h20.
São Paulo — Uma norte-americana de 83 anos, que era passageira do navio de cruzeiro Westerdam – atracado no Camboja –, foi diagnosticada com o novo coronavírus ao chegar à Malásia, disseram autoridades locais no último sábado (15).
A situação é alarmante, porque mais de 1.000 pessoas estavam no navio e podem ter entrado em contato com o coronavírus. Agora, muitas delas já viajaram para outros países e, sem saber, podem estar levando a doença.
Foi o caso da americana de 83 anos, que voou do Camboja para a Malásia, na sexta-feira (14), juntamente com 144 pessoas do navio, segundo informou o Ministério da Saúde da Malásia em comunicado. Já o marido dela apresentou resultado negativo para o coronavírus.
O MS Westerdam, transportando 1.455 passageiros e 802 integrantes da tripulação, passou duas semanas no mar e é operado pela unidade da Carnival Corp Holland America Inc. Na quinta-feira (13), atracou no porto de Sihanoukville, no Camboja. Antes, ele tentou parar em outros cinco países, mas foi proibido pelo receio de que os passageiros estivessem com o vírus.
Os turistas foram testados regularmente a bordo, e o Camboja também examinou outros 20 pessoas depois que o navio atracou. Ninguém estava com o novo coronavírus.
Por causa do risco de mais de 1.000 pessoas terem possivelmente entrado em contato com a doença, as autoridades do Camboja pediram um novo teste na passageira americana. No novo exame, ela voltou a testar positivo para o novo coronavírus, segundo informações da Malásia neste domingo (16).
Segundo o jornal americano The New York Times, o Westerdam havia tentado atracar em outros países, mas foi recusado. As autoridades do Camboja, porém, liberaram sua chegada, sem que os passageiros fossem testados para o coronavírus, questionando até mesmo o impacto da doença.
"Nós tínhamos previsto problemas, mas não um dessa magnitude", declarou William Schaffner, infectologista americano da Universidade de Vanderbilt, ao NYT. "Este pode ser o momento de virada do coronavírus", acrescentou.
Ainda segundo o jornal americano, o ideal seria que todos os passageiros que deixaram o cruzeiro fossem localizados o quanto antes e colocados em quarentena por duas semanas.
O caso acontece ao mesmo tempo em que outro navio de cruzeiro está em quarentena no Japão, o Diamond Princess, com cerca de 3.500 passageiros. Depois de cerca de duas semanas sem poderem desembarcar, os viajantes começaram a ser buscados por seus países de origem.
Os casos têm afetado em cheio o mercado de navios de cruzeiro. Reportagem publicada pelo jornal The New York Times revela que as reservas já caíram de 10% a 15% após o surto de coronavírus.
(Com informações da Reuters)